Talvez, em breve, eu consiga perceber
o teor positivo dessa pandemia.
Difícil, porém, será esquecer
o trauma de ver tantas mortes crescentes,
o medo da perda econômica iminente,
e a angústia de não planejar o futuro.
Não há previsão do final da fobia.
Ficará com certeza
a gratidão aos que, na ativa,
garantem o básico para sobreviver.
Gratidão aos profissionais da saúde
que enfrentam o risco, o vírus, a estafa,
apaziguando a geral inquietude,
amenizando o intenso sofrer.
Como a maioria da população,
estou confinada dentre de casa,
a fim de fugir desse coronavírus.
Fugindo,
não por covardia ou alienação,
mas, sim, respeitando as leais diretrizes.
É a minha parcela de contribuição.
Com planos desfeitos, parada global,
com tantos eventos, assim, cancelados,
mesmo distantes da vida social,
os dias renascem, no amor, abençoados.
Então, eu escrevo poemas,
espero poder editá-los em breve.
Atualizo leituras, faço sudoku,
tento tornar a crise mais leve.
Vibrações positivas, não só para os meus.
Ações solidárias aos pobres e idosos.
Acredito mais nos desígnios de Deus
do que nos boatos, insensatos, danosos.
Com o whatsapp não me sinto sozinha,
A Internet é também companheira.
Contatos on line, histórias que animam,
compartilho exercícios e brincadeiras.
Nos prédios, sacadas iluminadas,
pessoas em várias janelas, cantando.
Resgatam a magia das serenatas.
Saudade de abraços, lenços acenando.
Aprendo a enxergar sob um novo prisma,
pois tudo na vida é um vai e vem.
Cultivo a paciência... O Sol ainda brilha.
Valorizo a família.. É o meu maior bem.
E Nietzsche afirmou, com provável razão:
"O que não nos mata, nos fortalece".
Me cuido pra estar na segunda opção
com todo aconchego que encontro na prece.