POEMA DAS MÃOS.
As mãos cruzadas sob a aura da vida.
A viver destemidas aos embates cruciantes.
Hoje recolhe a messe em despedida,
Da colheita final das sementes de antes.
E as mãos de trabalho, agora emurchecidas,
Farta de amor, é exemplo, e seu semblante,
É de um têrço na oração compungida
E o mesmo toque de doutrina edificante.
Enturvadas de sombra de um passado,
Colheram auroras tantas, nos caminhos,
E sonhos quanto houvera, sempre irrevelado
E num perfume, cujo olôr é bondade
Uma gloria final de ternura e carinho,
E essa ruga de fé e de saudade.