Ante o fluxo e o refluxo desta vida,
jogo a rede buscando uma esperança.
A vida é mar revolto que intimida,
mas, recompensa a quem jamais se cansa.
Pude provar, em minha intensa lida,
que nem sempre é melhor a maré mansa.
E que a onda bravia, impressentida,
pode levar à areia, que descansa.
O poeta é um pescador sempre à procura
de pérolas, no mar da vida, esparsas...
Se a rede não vem cheia e a noite é escura,
o poeta-pescador, mesmo tristonho,
abre as asas liberto como as garças
e alegra-se ao pescar um simples sonho!