Faz mais de trocentos anos
E disso até me consterno
Que o seu Ataliba olha a Praça
Sem nunca trocar de terno
Ele não fala, ou saúda
Não chora e também não ri
Olha a Matriz, a florada
E o voo do colibri
Mas um coisa me intriga
Que desde criança eu ouço
Porque é que o seu 'Taliba
Nunca tira a mão do bolso?
Vai ver que procura o forfi
P´ra acender seu paieiro
ou busca na algibeira
aonde está seu dinheiro
Documento, não precisa
Pois ele é bem conhecido
Será que procura o lenço
Que acredita haver perdido?
Talvez a caixa dos óculos
Que ele trocou no Natal
Ou o bilhete premiado
Da loteria federal?
Ah, mas agora, por certo
Eu descobri o que é que há
Ele busca um pedreguio
Pra afastá o sabiá!
Não é porque sou de bronze!
Reclama - Me basta tirar um soneca
Que lá vem esse danado
Pra carimbar minha careca!
SP, 12 de maio de 2020 - 13:00h.