Em giros e voltas, solto da fieira,
Desatado e liberto, gira, gira o pião.
Volteia e volteia, na terra, na poeira.
Alinha-se. Apruma-se. Traz aos olhos ilusão.
Lépido! é encanto aos olhos meninos,
Pela dança veemente de seus movimentos
Em que se harmoniza qual bailarino,
Num rodopiar cheio de magia e encantamentos.
Em equilíbrio que, intenso, zune cantando,
Dança que dança, em irreal suavidade...
Doce e mágico fetiche que vai alimentando
Pueris fantasias e frenesis da tenra idade.
E na leveza do efêmero embevecimento natural,
O menino contempla, deslumbrado, enfeitiçado,
Desde a elipse acrobática do virtuoso corrupiar inicial,
Aos píncaros do enigmático colorido sublimado.
Mas, não demora, inflexíveis, a física e a gravidade
Reduzem os furiosos torvelins do hipnótico talismã,
Amenizando a colossal volúpia da cadência... à finidade.
Serenar dos virtuosos devaneios - tempo de arribaçã.
Finalmente, amainado de sua motilidade,
Já extenuado, bambo, e em fatigados movimentos,
Exaure em lentas parábolas sua plasticidade.
Queda-se imóvel o vetor do fascínio e arrebatamento.
Reinaldo Bressani - Cadeira nº 15 da ACL - 11-99582-8307
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