Que bicho horroroso é a tal da noite.
É um breu tenebroso... de assustar!
Negras sombras, aflições e medos,
Criam desassossegos de enervar.
Trêmulas angústias roendo os nervos
Face às turvas seivas de loucuras,
Alimentam turbulências mil...
Repletas de sinistras criaturas.
Sombras hostis repousam sobre a alma.
Delírios deixam nervos em trapos.
Conflitos sem nexo... desconexos,
Colocam qualquer mente em farrapos.
Corpos gelam. Coragem se esvai.
Tremem as pernas paralisadas.
Propagam-se gritos inaudíveis
Que ressoam pelo vácuo do nada.
Recônditos precipícios abrem-se
Nos claros desvãos das incertezas
Que cavalgam a imaginação
Minada de sonoras brutezas.
Escorrem os suores pelos poros.
Vozes caladas, entre penumbras,
Tremem feito vara de marmelo.
Busca-se o sol, que não se vislumbra.
Trevas em quintais de noites frias,
Turbam o cenário de absurdos
Alaridos - roucos e inquietantes -
Que abarcam a alma de azares surdos.
É! Realmente a noite é de assustar
Quando a imaginação tiraniza,
Mergulhando em mares de sargaços
Que se arrastam sob gélida brisa.