Sonhei que era Maria Antonieta,
Tinha um castelo perfumado
Como uma flor na floresta;
Tinha uma sala de espelhos
E lagos para ver minha silhueta;
Tinha um palco de seda
Para representar uma opereta;
Tinha um colar brilhante
Como a cauda de um cometa;
Tinha bolos e licores
Para os convivas de minha saleta;
Tinha criados que me anunciavam,
Inclinados ao som de uma trombeta;
Tinha o ar frio e distante
De uma intrigante estatueta;
Tinha um vestido branco
Para dançar no bosque como uma
ninfeta;
Tinha um sonho de colombina
Feito de voo e pirueta;
Tinha tanta fortuna
O meu sonho de Maria Antonieta...
Terá sido em hora importuna?
Terá sido recordação funesta?
Onde a festa?
O fausto?
Nada mais resta...
Coube-me um canto de sarjeta
E o ressoar estranho
De uma risada do capeta.