O vento passou varrendo lembranças
Volátil a carregar em etéreas danças
A fúria branda do seu tempo escasso.
Quis levar pra longe o esquecimento
E deixou centelhas feitas fragmento
Escondidas, perenes, no célere passo.
Amor de outrora! Fagulha que envolve
E persiste, pois o tempo não a remove.
Vive e revive! Força alguma a elimina.
Supera o instante e atiça o tormento
Insensível à diligente rigidez do vento
Prolongando a sofrida e agoniada sina.
Gotas da vida! Sobras de tardia etapa
Gravame de farpas que fere e solapa
A alma de quem viveu ávido acalanto.
Triste solidão simétrica do eterno só.
É amargura feérica que agride sem dó.
Nas carícias do adeus a verter o pranto.
30/08/2022.