Ah, minha São Paulo,
Sua história é tão bonita.
Quando penso seus mistérios,
Meu coração logo se agita.
Gente que vem e que vai.
Heróis do seu dia a dia.
Suor irrigando a terra,
Em tempos de travessia.
Grande berço de esperanças
À gente do mundo inteiro,
Onde mora a liberdade
E o amor mais verdadeiro.
Da cruz fincada na selva,
Nasceu a pequena aldeia.
Palavras santas de quem
Trouxe poesia da areia.
Pois, aquela sementinha,
Propagou-se intensamente.
Enraizou-se no lugar,
E deu feitio à nossa gente.
Assim, a vila inexpressiva
Que nasceu predestinada,
Teceu os rumos do destino,
E foi também abençoada.
Até costumes escravagistas
Que quiseram nos implantar,
Sucumbiu frente à igualdade
Destinada a prosperar.
Com a liberdade, o seu povo,
Isabel presenteou.
E sem os grilhões que a envolvia,
A nação se harmonizou.
Grito solto na garganta,
E o poder de ir e vir,
Irmanados numa luta
À epopeia do porvir.
Nas Arcadas do São Francisco
O Direito se alojou.
A inteligência se forjando,
E o Brasil logo mudou.
Culturas florescendo,
Alimentando ideais.
E o Estado se projetando
Pela riqueza dos cafezais.
Em seguida, sua indústria,
Engatinhando alvissareira,
Dava seus primeiros passos
Condizentes à sua bandeira.
Devagar se transformando,
De província sertaneja
Em Capital muito agitada,
Ostentando suas riquezas.
Seus teares e chaminés,
E seus apitos poluentes,
São as faces do progresso...
Com o trabalho de sua gente.
Novo brilho impulsionava
Os destinos da grandeza,
Esculpindo metais nas forjas...
Moldando novas riquezas.
E aquela fonte pequenina
Agigantou-se em Solimões.
E o nosso berço Piratininga
Delineou suas feições.
O bonde aberto, com estribos,
Serpenteando pela cidade,
Hoje é marco de lembranças
No seu tempo de saudade.
O desvairo do menestrel
- Com sua canção antiga -
Se apagava com o candeeiro...
Desfeito pela fadiga.
Vinha o corso familiar
- Nas tardes demais fagueiras -,
Da Angélica até a Paulista,
Levando a brincadeira.
Moças dos táxis-dancing,
Dos salões Verde e Tropical,
Além dos tradicionais
Martinelli e Cristal.
No curso desse progresso,
Mentes logo se despertam.
Vão mudando o cenário,
E as histórias nos encantam.
E assim, nas ondas dessa maré,
A vocação desabrochou.
Azevedo fincou prédios,
E o progresso se firmou.
Nossa terra alvissareira,
Com passos de um gigante,
Foi criando o cenário
A um progresso exuberante.
Um dia, contra a opressão,
Nos idos de trinta e dois,
Seus bravos deram o exemplo
Pra quem viesse depois.
Galhardia com destemor,
Contra o poder intimista.
O povo pegou em armas,
Com bravura altruísta.
Tombaram jovens guerreiros
- Heroicos MMDC -,
E outros tantos paulistas,
Pra dar futuro a você.
Na praça escorreu o sangue,
Respingando toda a nação.
À derrota seguiu-se a vitória,
Com a nova Constituição.
E pra que o povo jamais esqueça
Desse heroísmo sem fim,
O bom Deus nos ofertou
O poeta Paulo Bomfim.
Pois pra retratar esse fato,
Ele nos teceu os versos
Dando cores à história...
Tão linda desse universo.
Nas asas da inspiração
Cantava sua saudade,
Com versos sempre afluentes
Com as raízes desta cidade.
Reminiscências serenas
Que afloram do coração,
Sem mágoas e sem tristezas...
Apenas orgulho da tradição.
Hoje os passos de ontem
Caminham o tempo presente.
Buscam futuro fidalgo,
Pra garantir sua gente.
Espírito alvissareiro
- Fecundado nos cafezais -,
Sempre exibiu grandezas,
Honrando seus ancestrais.
E o resultado é sabido,
Nem é preciso contar.
Viver aqui nesta terra
É orgulho pra se aclamar.
Esta é a minha terra
- Um torvelinho estridente.
Locomotiva do Brasil...
Mais e mais envolvente.
Seu futuro que foi ontem,
Depois hoje e amanhã,
É esperança olhando à frente,
Renascendo a cada manhã.
Tecnologias de ponta.
Uma pitada de ousadia.
E os avanços da ciência
Dando viço à profecia.
Ondas cortando os céus.
Rádio, TV, celular.
iPhones e hotsites...
Mídias de comunicar.
Tudo é tão grandioso.
Contrastes de desiguais.
Pra equacionar seus problemas,
Só com estratégias globais.
De província a megalópole...
Quem lhe viu e quem lhe vê!
Anchieta já profetizava
Tudo isso de você.
Verdes campos desta terra,
Enaltecidos pelas glórias,
Sua bandeira treze-listas
Simboliza a própria história.
Reinaldo Bressani - Cadeira nº 15, da ACL.