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  • Fonte: Frances de Azevedo - Dez/2022

(Baseado na “Canção do Violeiro”, poesia de Castro Alves, Recife, Setembro de l865)

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Passa o tempo num instante
E no vento, carregando,
Lá se vão os sonhos meus,
Como folhas flutuando,
Deixando espaço vazios.
Pergunto, então, quem sou eu?!

Sopra, sopra vento meu,
Vai levando meu destino.

E o tempo: senhor da vida,
Inexorável, devora,
Qual monstro na escuridão,
Sem motivo, a qualquer hora,
Não se importando com nada,
Leva tudo, à minha volta...

Sopra, sopra vento meu,
Vai levando meu destino.

Nessa estrada tão incerta,
Vou levando minha dor
Como ave sem ter um ninho,
Como alguém sem ter amor,
Sigo, sigo meu caminho,
Sem certeza de chegar.

Sopra, sopra vento meu,
Vai levando meu destino.

Quem sabe, um dia, a esperança,
Num sobrevoo lilás,
Sobre o meu mar, pousará;
E qual albatroz, sagaz,
Num mergulho, bem profundo,
Minha alma libertará!

 

Frances de Azevedo -  Cadeira 39 da ACL