No mês de Santos Dumont, dois sonetos que se completam, uma vez que um é o sonho e o outro, a realização.
ASAS DO BRASIL
Ser pássaro... Voar... ser a lufada
de brisa que circula sem caminhos...
Ser Ícaro, sem quedas! Ver nos ninhos
o condor, rei da altura! Ter a alada
sorte de um Pégaso! Na caminhada,
meio às nuvens de um céu feito de arminhos,
levar Perseu, fugido aos pergaminhos,
aos pés de Andrômeda, infeliz amada.
Santos Dumont contempla o céu e sonha!
- Naquelas nuvens - lindas caravelas -
dormem promessas em macia fronha:
" - O homem voa!"... E aspirando ao azul profundo,
arroja-se... E asas verdes e amarelas,
põe nas espáduas de um surpreso mundo!
EPOPEIA
Santos Dumont, desperta! E na altura, descansa!
Culpa alguma te cabe! Esquece o troar medonho
e os gemidos da guerra. O fiel da balança
não acusa teu gênio - o mundo é que é bisonho!
Engrandeceste a Pátria! E, nos céus de França,
delineaste, no azul, o seu perfil risonho!
Domaste o vento, inflaste, ao máximo, a esperança,
dando ao século audácia, expressa em alto sonho!
Com ternura espontânea a glória não te esquece!
Mais perto o Sol reluz! Mais perto a Lua brilha!
E entre os astros, no céu, teu nome permanece!
14-Bis...Apollo... o arrojo chega à Lua!
E se o homem vence o espaço é por seguir-te a meta:
Santos Dumont, festeja! Esta epopeia é tua!,