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  • Fonte: Thais Fernanda Maul Bizarria

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APÊNDICE A – Epítome poético integrante da dissertação de mestrado, intitulada A poesia e pensamento jurídico filosófico: estudo de um caso, Édipo Rei, de Sófocles.

Em apenso, como introduzido outrora,
segue o epítome poético elaborado pela autora.
A experiência rítmica auxilia na reflexão,
aliás, a poesia é alimento, a poesia é pão.

Desta feita, convém poetizar
que por meio do estudo interdisciplinar
da obra “Édipo rei”, foi possível no universo grego antigo navegar
e peculiaridades daquele período resgatar.

Adentramos naquele contexto social,
filosófico, religioso, jurídico, político e cultural.
Na Antiguidade, notamos a incipiência do direito,
a predominância da poesia e a importância do âmbito teatral.

Remontar o direito grego é uma tarefa complicada,
devido à exiguidade de fontes, inclusive desconjuntada.
Todavia, é fato que trouxeram grandes contribuições
que refletiram e refletem até hoje em várias nações.

A origem da poesia está submergida no tempo. Todavia,
etimologicamente, a palavra poesia é uma derivação
do grego antigo poíēsis, significando um “fazer”, uma criação.
“Tudo o que surge do nada é poesia ou criação”, conforme Platão.
A definição de poesia, vale esta menção,
designava: “palavra”, “provérbio”, “oráculo” ou “canção”.
Apreende-se então, que para tais nomenclaturas não havia distinção.
A poesia era predominantemente oral e cantada por aquela civilização.

Exemplificando, na obra de estudo “Édipo rei”, a poesia
é cantada pelo Coro, com profícua maestria.
A poesia norteava os rumos daquela sociedade,
sendo, inclusive, durante grande período, atrelada à divindade.

A iniciação da produção teatral no mundo grego adveio da improvisação.
O teatro representava a pura admiração,
e, concomitantemente, uma visão do universo em transformação.
Aos poucos ocorreu a sua profissionalização.

Sófocles, possuidor de vasto acervo enciclopédico e de grande visão,
recontou o mito edipiano, transmitido de geração em geração.
O dramaturgo e poeta aperfeiçoou tanto a versão
que “Édipo rei”, de Sófocles, impacta e aflige qualquer coração.

Sófocles foi primordial para o desenvolvimento teatral
do seu período e influencia ainda hoje toda a civilização ocidental.
Ele transmitia a sua arte com mais emoção, de forma louvável,
sendo fonte de transmissão de um passado memorável.

Sófocles fizera a contextualização de seus versos com a realidade
de forma tão fabulosa e comovente que, em sua época, foi muito elogiado
por aqueles que o cercavam em comunidade,
inclusive, pelo sempiterno Aristóteles, o dramaturgo foi referenciado.

Aristóteles entendia a arte como meio de conhecimento eficaz.
Em sua “Poética”, o modo de composição dos poemas ele foi capaz
de mostrar, inclusive ensinando um poema mimético a produzir,
segundo critérios que conseguiu bem construir.

O estagira mostra a evolução poética, as suas espécies e classificação.
As suas contribuições foram majestosas e auxiliaram na definição
dos gêneros principais da literatura: épico, lírico e dramático.
Audacioso na exploração interdisciplinar, era prático e didático.

“Édipo rei” possuía caráter de serventia geral ao povo da Antiguidade
e ainda detém grande importância para a atualidade.
Ricos são os ensinamentos de Foucault, que nos permite enxergar
as práticas judiciárias que durante toda a poesia veio a reinar.

O procedimento jurídico-político para a obtenção da verdade é o inquérito.
Nele as testemunhas são primordiais para revelar fatos pretéritos.
Busca-se incessantemente a verdade, por meio da confissão,
e, quando escravo, cabível a tortura, intrínseca àquela judicialização.

Do início ao fim, o desvelamento da verdade é matéria central e vasta.
Explano: para Foucault mister a reunião
da metade profética (Apolo e Tirésias), dos soberanos (Édipo e Jocasta)
e dos servidores (mensageiro coríntio e pastor tebano).

Somente é possível o alcance da verdade nefasta
com a união de todos os fragmentos no decorrer da poesia.
“Édipo rei” é construído em torno também do saber, do poder e da tirania.
O protagonista retrata problemas políticos, inclusive da democracia.

“Édipo rei” é repleta de impactos e de interatividade,
permite a transição do dilema fictício para o mundo real.
Conforme a professora Oliveira M., o âmbito teatral
serve de ligação entre a sapiencialidade e a demencialidade.

“Édipo rei” evidencia a ordem e a submissão.
A peça é marcada pelas violências simbólica e real.
O protagonista, por vezes, não enxerga a razão.
A sua ânsia pela manutenção do poder é sobrenatural.

Da ignorância à consciência, da ascensão à perda do poder.
“Édipo rei” é uma tragédia inimaginável de se viver.
O protagonista matou o pai, casou-se com sua genitora sem saber,
e gerou uma prole desgraçada, sem ao menos perceber.

O todo-poderoso governante de Tebas, com o descobrimento,
sente-se um infeliz. Era herdeiro de um destino funesto, um azarento.
O descobrimento da verdade, o suicídio de Jocasta e a sua automutilação,
causaram pavor e terror. O herói termina submergido em literal escuridão.

Embora horripilante, insofismavelmente, “Édipo rei” é uma peça magistral,
em âmbito jurídico-filosófico, artístico, literário, político e social.
Ela possibilita o estreitamento das relações da arte com o direito.
Uma obra perpetuada no tempo da qual se extrai excepcional proveito.

“Édipo rei” permite ultrapassamos o pensamento lógico puramente.
e visualizarmos o mundo esteticamente.
O espetáculo teatral amplia a capacidade da visão cognitiva.
Enfim, a arte poética sofocliana educa, humaniza, inspira e motiva.

Thais Fernanda Maul Bizarria