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  • Fonte: Rosa Maria Custódio

Ozires Silva, titular da cadeira número 21 da Academia Cristã de Letras, completou 90 anos no dia 8 deste mês de janeiro.Ozires Silva f28ba
Seu aniversário foi celebrado no Brasil inteiro, com grandes repercussões no estrangeiro, tal é a importância de sua biografia.
Decio Fischetti, seu biógrafo, escreveu:
Ozires faz parte da Santíssima Trindade da Aeronáutica Brasileira, juntamente com Santos Dumont e o brigadeiro Casimiro Montenegro Filho, criador do Instituto Tecnológico da Aeronáutica. (“Um Líder da Inovação – Biografia do Criador da Embraer”, publicada em 2011)

Na Academia Cristã de Letras, J B Oliveira, titular da cadeira número 38, foi o primeiro a se manifestar: “Estimados confrades, hoje é dia de cumprimentar o pioneiro do desenvolvimento de nossa indústria aeronáutica brasileira: Ozires Silva, o “pai da Embraer”! E nos encaminhou a mensagem:

“Por ocasião dos 90 anos de vida do Dr. Ozires Silva, pioneiro, herói e, sem dúvida, o maior expoente de todos os tempos da indústria aeroespacial brasileira, a Fundação Santos-Dumont tem a imensa honra de saudar o seu nobre Conselheiro nesta data tão significativa. Nós todos, brasileiros, podemos hoje desfrutar os resultados excepcionais do seu pioneirismo, da sua visão e da sua coragem como inovador e como empreendedor de sucesso, e somos imensamente gratos por isso. Ao Dr. Ozires, nossos efusivos cumprimentos e votos de continuado sucesso na sua incansável e profícua jornada. Com um cordial abraço, Fundação Santos-Dumont.”

o Presidente da Academia Cristã de Letras, Helio Begliomini, notabiliza a importância dessa instituição ter em seu rol de Acadêmicos uma personalidade marcante como Ozires Silva, que contribuiu para o desenvolvimento nacional.

Frances de Azevedo informou que a TV Bandeirantes também fez uma homenagem ao Confrade Ozires Silva; Reinaldo Bressani nos encaminhou informações sobre a estreia do filme “O voo do impossível” produzido pela Embraer em homenagem aos 90 anos do grande brasileiro Ozires Silva, um dos maiores ícones da indústria aeronáutica brasileira.

“Ozires Silva nasceu em 8 de janeiro de 1931, em Bauru, interior de São Paulo. Em 1948 entrou para a escola preparatória da Força Aérea Brasileira (FAB), no Rio de Janeiro, onde recebeu sua licença de piloto militar quatro anos depois. Mudou-se para São José dos Campos-SP para ingressar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1959, graduando-se em Engenharia Aeronáutica em 1962. Após a graduação, passou a liderar o Departamento de Aeronaves do então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA). Em 1965 iniciou o projeto IPD-6504, que se tornaria depois o avião Bandeirante. Ozires Silva promoveu, ao lado de um grupo de visionários, a criação da Embraer em 1969, vindo a ser o diretor-superintendente da companhia até 1986, quando aceitou a ser presidente da Petrobras. Após dois anos como Ministro da Infraestrutura e Comunicações do governo Collor, Ozires Silva retornou para a Embraer em 1992 e presidiu a companhia até sua privatização em dezembro de 1994. Ozires Silva assumiu a presidência da Varig em 2000, permanecendo no cargo por dois anos. Em 2003, criou a Pele Nova Biotecnologia, cuja missão estava focada no desenvolvimento de inovações terapêuticas e dermocosméticas a partir da biodiversidade do Brasil. Nas últimas décadas, Ozires se tornou uma voz ativa no país em prol da educação, escrevendo diversos livros e artigos sobre o tema. É hoje presidente do Conselho de Inovação da Ânima Educação, em São Paulo.”

Outras homenagens à Ozires Silva foram veiculadas nas mídias impressas, televisivas e digitais, além das redes sociais. Sua história e trajetória profissional é exaltada por importantes entidades culturais e seu nome é constantemente citado por seus feitos em prol da sociedade. Publicou os livros: “Nas Asas da Educação – A Trajetória da Embraer”; “Cartas a um Jovem Empreendedor – Realize seu Sonho: Vale a Pena”, “A Decolagem de um Sonho: a História da Criação da Embraer”; “Etanol: a Revolução Verde e Amarela”.

Ozires Silva recebeu incontáveis condecorações e medalhas, no Brasil e no exterior (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Irlanda, Suécia), e continua atuante: faz parte de muitos Conselhos e Associações de Classe.

E eu, Rosa Maria, que trabalhei na Varig, lembrei-me de um artigo que Ozires Silva, então nosso presidente, escreveu para a Revista Ícaro, em abril de 2002. Um artigo que reli algum tempo atrás e que me pareceu estar relacionado com o que vivemos nos tempos atuais. Ozires Silva, na sua visão de empreendedor e humanista, nos apresentava os passos que deveríamos seguir para evitar os problemas decorrentes da superpopulação, do consumo excessivo dos recursos naturais, e assim caminhar na direção de um futuro melhor.

Estima-se que no ano de 2020, sejamos 7,8 bilhões de pessoas a viver no planeta Terra. Segue o texto de Ozires Silva, escrito há mais de 20 anos, que ainda pode nos servir como alternativa no enfrentamento da crise que vivemos, com ou sem pandemia:

Somos demais?

Recentemente foi divulgado que a espécie humana necessitou de milhões de anos para atingir um bilhão de pessoas, o que teria ocorrido em 1830. Em 1927 este número dobrou. Em 1960 chegou aos três bilhões de habitantes no planeta. De lá para cá, a aceleração cresceu. Em 14 anos a marca de quatro bilhões foi atingida, em 1974. O quinto bilhão veio em 1987 e, 12 anos após (1999), alcançamos o sexto bilhão.

A natureza estabeleceu ao longo de milhões de anos os princípios sobre os quais apoiou a vida no planeta, garantindo o processo contínuo da permanência e da evolução das espécies.

Por meio do seu talento, o homem agregou uma capacidade expressiva para garantir a subsistência de multidões, em aglomerações urbanas gigantescas. Sobre tudo isto, criou dispositivos de transporte e comunicações nunca imaginados. Estendeu a longevidade humana a limites não pensados. E agora caminha para desvendar os mais profundos segredos da vida.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento assegura que nós, os humanos, estamos consumindo em torno de 40% além da capacidade de reposição da biosfera e calcula que o déficit esteja aumentando a uma taxa de 2,5% ao ano. Acrescenta que, se todos os habitantes da Terra consumissem como os europeus ou norte-americanos, precisaríamos de três planetas como o nosso.

Se esses cálculos e previsões se confirmarem, o mundo precisaria se preparar para enfrentar uma encruzilhada, buscando novas formas de viver, mais adequadas às disponibilidades dos recursos naturais do nosso planeta Terra, que agora ficou pequeno.

Um passo poderia ser o aperfeiçoamento da nossa sociedade, procurando eliminar os contrastes sociais e ganhar eficácia em poupar nossos recursos naturais. A educação universal e generalizada produz mais participantes de soluções do que geradores de problemas. E, num esquema de solidariedade amplo, podemos caminhar juntos para um futuro melhor para todos, lembrando que a Terra ainda é o único planeta que temos para viver.