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  • Fonte: Rosa Maria Custódio - jornalista

Di Bonetti é formada em Administração de Empresas, escritora, artista plástica, fotógrafa, perita em obras de arte, curadora de exposições de arte, criadora do Portal Artes (espaço virtual para os artistas plásticos mostrarem seus trabalhos). Desenvolveu e administrou, durante muitos anos, o site da Academia Paulista de Letras, criou e administra o site da Academia Cristã de Letras, também administra o site da Academia Paulista de Letras Jurídicas. É autora do livro Paulo Bomfim – Porta-retratos – Fotobiografia 90 anos.

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São muitas as qualidades que Di Bonetti foi desenvolvendo ao longo de sua vida, principalmente na área das Artes. Com seu trabalho sério e sua presença alegre e amistosa, assim que iniciou os trabalhos do site da Academia Cristã de Letras, foi conquistando um espaço em nossos corações e nas nossas reuniões.

Queríamos, há muito tempo, criar um site para que a Academia Cristã de Letras ganhasse vida também no espaço virtual. Estávamos procurando os meios e as pessoas que pudessem nos ajudar. Foi quando o Acadêmico Raul Marino Júnior indicou seu nome e nos falou do belo trabalho que Di Bonetti havia realizado na Academia Paulista de Letras, da qual ele também é membro.

O convite para fazer parte de nossa academia, como membro correspondente, foi feito em uma de nossas reuniões, pelo presidente Ruy Altenfelder e aprovado por todos nós. Di Bonetti conquistou esse espaço e caso houvesse alguma Cadeira vaga, ela seria convidada para ser sua titular.

A posse aconteceu no final da Reunião Ordinária da Academia Cristã de Letras, na tarde de 15 de maio de 2018, no Salão Nobre – Antônio Ermírio de Moraes (Espaço Sociocultural - Teatro CIEE). Estavam presentes os seguintes membros da Academia Cristã de Letras: Ruy Martins Altenfelder Silva, Raul Marino Júnior, Luiz Gonzaga Bertelli, Carolina Ramos, Maria Cecília Naclério Homem, Domingos Zamagna, Antônio Lafayette Natividade Silva, Sebastião Luiz Amorim e Rosa Maria Custódio. Foi uma tarde festiva.

Depois de cumpridas as atividades e discutidos os assuntos listados na pauta, tivemos o prazer de ouvir Di Bonetti falar de sua emoção em entrar para a ACL, e apresentar um breve relato de seu trabalho e de sua história de vida. (Ver seu discurso, logo abaixo.)

O trabalho de um artista, ou de um escritor, é um exercício intelectual que exige sensibilidade e muita dedicação. É um trabalho de doação, na medida em que faz florescer o que há de melhor nos seres humanos: a capacidade de sentir, compreender, compartilhar e se realizarem como seres culturais e sociais.

Em nome dos 40 membros da Academia Cristã de Letras, damos as boas-vindas à nova confreira, Di Bonetti! Que seu trabalho, em prol da Cultura, das Artes e das Letras, continue florescendo! A Arte e a Literatura são alimentos necessários para o desenvolvimento de nossas vidas, e indispensáveis para a nutrição de nossa imaginação, nossos sonhos e ideais.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, disse o poeta Fernando Pessoa, que se tornou imortal através de sua obra poética. Os grandes artistas e pensadores, através de suas obras, vencem a humana condição de simples mortais. Tornam-se estrelas no firmamento de nossa imaginação e seguem iluminando nossas mentes no tempo e no espaço. A vida, vivida e cultivada com ARTE, contribui para a elevação do espírito e da civilização humana. Bem-vinda Di Bonetti, nosso Patrono, São Francisco de Assis, também a recebe de braços abertos!

Rosa Maria Custódio \ 1ª Secretária da ACL

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DISCURSO DE POSSE DE DI BONETTI NA ACADEMIA CRISTÃ DE LETRAS

No dia 21 de novembro de 2017, tive uma surpresa. Meu coração rodopiou em festa. Era terça-feira, dia em que se reuniam os intelectuais desta Academia Cristã de Letras. Tem sido um prazer imenso desenvolver e alimentar o site dessa instituição, participar das reuniões; construir relações de amizade com pessoas interessadas na erudição, calcadas no exemplo e dedicação do Patrono desta Academia, São Francisco de Assis, através da paz, do amor, do perdão, da união, verdade, esperança, alegria, luz e, principalmente, da compreensão.

Nessa reunião do dia 21, o presidente, Dr. Ruy Altenfelder, sugeriu o meu nome como membro correspondente. Agradeço o carinho e a gentileza de todos pela unanimidade dos votos.

Minha gratidão, ao Dr. Raul Marino Júnior, o qual chamo carinhosamente de padrinho, por nossa convivência na Academia Paulista de Letras, nos seis anos em que fui a jornalista responsável pela assessoria de comunicação, pois foi ele que, com sua indicação pontual, avalizou o que acreditou ter sido a realização de um bom trabalho.

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Minha admiração pelos seus livros publicados, em especial pelo Ensaio sobre o Amor, em que coloca de forma brilhante esse sentimento que é a mola propulsora do mundo, e pelo livro A Religião do Cérebro, que une neurociência e teologia, ou neuroteologia, onde estuda o processamento das emoções no cérebro, relacionadas à religião, à espiritualidade. É um estudo profundo. Comovente é a sensibilidade com que Dr. Raul aborda essa parte destinada à conexão com o divino. Ele fala sobre uma ferramenta importante chamada intuição, que desprezamos. E como lidar com a intuição? Ele diz que “uma das maneiras é aprender a fazer silêncio para ouvir a sua voz. Ela não é alta e clara, dizendo faça isso ou aquilo. É um sopro, um sentimento,
uma certeza. Isso depende de prática, de meditação, oração ou como você quiser chamar esses momentos em que a pessoa se desliga da corrente dos acontecimentos e entra em contato consigo e com Deus”. Parabéns ao Dr. Raul, é um excelente livro.

Agradeço à Rosa Maria. Nós nos adotamos, construímos uma amizade forte. Caminhamos juntas na construção do site, nos apoiando e trocando ideias. Agradeço ao Hélio Begliomini que, generosamente, mesmo com tantos afazeres, nos atendeu prontamente e cedeu todo material que tinha disponível sobre a academia e sobre os acadêmicos.

Fazer parte desta Academia é gratificante. Vou rapidamente, dar uma pincelada na minha história.

Nasci há cinquenta e nove anos, em uma família maravilhosa e abençoada. Meu pai é paulista e minha mãe paranaense. Sou a terceira de cinco filhos. Gêmea com um menino.

Se tivesse a oportunidade de escolher novamente meus pais, com certeza estariam eleitos. Fomos educados com o melhor amor que poderíamos receber, e com princípios bem sedimentados do que era o certo ou errado. Meus pais sempre nos deixaram tomar decisões, calcadas nas boas palavras e boas conversas sobre as consequências futuras. Devo-lhes a construção correta do caráter.

Comecei a trabalhar muito cedo por vontade própria. Aos 14 anos. Desde a adolescência já tinha pensamentos firmes e determinações nas atitudes e projetos.

Em 1983, trabalhava em um banco no Noroeste do Paraná. Solicitei uma transferência para SP, para uma agência na Av. Paulista com mais de 100 funcionários, onde comecei a exercitar a jornalista que nascia. Criei um jornal interno na agência, onde fui, por meses, a redatora, diagramadora e distribuidora dos exemplares xerocados.

Quando tomei a decisão de vir para SP, o objetivo era estudar Odontologia, já que era filha de protético. Mas a realidade financeira me levou a cursar Administração de Empresas. Foram cinco anos significativos que me tornaram gerente financeira num grupo de empresas durante muitos anos. Passei por toda conturbação do plano Collor. Por conta do stress desse cargo, que sempre digo, é o nervo central de qualquer empresa, comecei a fazer um curso de pintura. Fiquei maravilhada com esse caminho que abria a possibilidade de usar as mãos, já que o sonho da odontologia tinha ficado trancado na caixa de pandora. Não demorou muito tempo para que eu revertesse totalmente minha vida em favor da arte. Abri meu ateliê na Vila Mariana. Ministrei aulas de pintura por quase 15 anos.

Sempre gostei de fotografia, e essa veia herdei do meu pai que foi um registrador fotográfico da família e dos eventos importantes. Em 1998 comecei a trabalhar profissionalmente nessa área. E nesse ano mesmo, fiz minha primeira exposição de fotografia, em um grande shopping de SP, para comemorar o dia das mães. Título da exposição: "DOIS OLHARES, MULHER E MÃE".

No ano 2000 inaugurei um portal de artes plásticas, onde os artistas plásticos profissionais, pudessem mostrar seus trabalhos sem a exploração de pseudos "marchands". Nasceu o PORTAL ARTES, sem cunho comercial. Passei a escrever sobre artes e fazer entrevistas com artistas renomados. Esse Portal sobrevive, há 18 anos, à duras penas, pois não tem patrocínio e é, hoje, o maior portal particular em conteúdo sobre artes plásticas.

Especializei-me em fotografar OBRAS DE ARTE para exposições, publicações em anuários, revistas, jornais e convites. Aperfeiçoei a técnica para catalogação de acervos de Museus e colecionadores.

No ano de 2003 fui convidada pela Academia Brasileira de Belas Artes do Rio de Janeiro para ser a Curadora de ANITA MALFATTI. A qual dei o título de "MÃE DO MODERNISMO". Essa Exposição abria as comemorações dos 450 anos do aniversário de São Paulo, em janeiro de 2004. Depois disso fiz mais duas exposições dela, como curadora.

Através do estudo, pesquisa e registro fotográfico que realizei para essa exposição em 2004, convidada pela família, tornei-me, além de Curadora, a fotógrafa oficial das obras da modernista que me levou a estreitar os laços afetivos com a família Malfatti, principalmente com as sobrinhas herdeiras. Ser Curadora de Anita Malfatti, me trouxe uma satisfação enorme, mas fotografar a obra dessa mulher tão forte, determinada, ousada e inovadora, que sempre esteve à frente do seu tempo, é algo indescritível. Era sempre uma alegria quando ia registrar uma obra que não conhecia. O prazer de tocar, de sentir, olhar através de minha lente todos os detalhes registrados, observar as pinceladas, assinatura, cores e formas, realmente era um privilégio único.

No ano de 2005 veio o convite para fotografar produtos para uma revista de moda. Por minha sugestão essa Revista criou um caderno voltado para artes. Fiquei responsável em escrever sobre o assunto. Durante 5 anos fotografei o SPFW e a CASA & COR para o Caderno de decoração.

Sempre mantive a mente aberta quando se trata de arte, que acredito ser um dos mais importantes alimentos da alma.

Tive oportunidade e fiz um curso ministrados por professores da ECA, sobre a história do cinema. Durante três anos deparei-me com todos os movimentos modernistas em filmes experimentais e de grandes diretores, como Renoir, Truffaut, Buñel, Antonioni, De Sicca, Bergman, Rossellini, Griffith, Eisenstein, Fellini, e principalmente compreendi o cinema novo na figura de Glauber Rocha.

Em 2005 fui fotografar as esculturas de Nazareth Thiollier e me envolvi no projeto de pesquisa para escrever a história de seu pai, Rene Thiollier, que falecido em 1968 havia sido um intelectual que muito havia contribuído para São Paulo. Ocupou a cadeira nº 12 da Academia Paulista de Letras e foi o responsável por conseguir a doação do terreno e a construção da APL no largo do Arouche. Foi muito atuante e envolvido com SP. Nazareth Thiollier, contemporânea de Paulo Bomfim, foi quem nos apresentou e construiu essa ponte de amizade. Quando ela faleceu, em 2010, passei a cuidar da vida intelectual do poeta, desenvolvendo seu site e acabei me tornando sua biógrafa e responsável pelos direitos autorais de seus 37 livros publicados.

Paulo Bomfim me abriu as portas e me apresentou para todos os intelectuais que nutria admiração. Muitos já não estão entre nós. Levou-me para a Academia Paulista de Letras, para desenvolver o site e cuidar da parte de assessoria de comunicação.

Na Academia Paulista de Letras, na época de toda restauração do prédio, fiz toda parte de conservação e embalagem das obras para preservá-las do pó da reforma, foi quando descobri uma pequena obra que estava com moldura danificada por cupim. Esta obra me fez pesquisar o pintor e me deparei com um italiano modernista chamado Gino Bruno. Resolvi fazer o resgate desse artista e me aprofundei em estudos. Com uma produção imensa, Gino Bruno me fez despertar para cursar uma pós-graduação em Conservação, Análise e peritagem em obras de arte. Hoje, sou uma perita profissional, em processo de catalogação de todo acervo desse artista e preparando um livro sobre sua história e produção.

Plantei boas sementes durante minha caminhada e um dos frutos mais saborosos é estar reunida com todos vocês, hoje, aqui.

Termino com um pensamento do Paulo Bomfim: “SOMBRAS DE MINHA SOMBRA, ALMAS DE MINHA ALMA, CAMINHOS DE MEU CAMINHO, LIVRAI-ME DO ORGULHO DE SER BOM, DA VAIDADE DE SABER, DO PECADO DE ME SENTIR ETERNO”!

Obrigada,

Di Bonetti – membro correspondente na ACL

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