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Márcia Etelli Coelho

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Impossível não se emocionar ao ler a prosa poética escrita por Adélia Prado “O Que A Memória Ama Fica Eterno”. De imediato me veio a lembrança dos muitos entes queridos que já não se encontram mais comigo. Lembrança que serve de aconchego, mas que também desencadeia outro sentimento que costumamos considerar doloroso: a saudade.

A jornada da vida é intercalada entre ganhos e perdas e, por isso, acumulamos uma série de saudade (saudade da nossa infância, do tempo de faculdade, saudade de um grande amor, saudade da família reunida).

O interessante é que a gente só tem saudade de algo que foi bom. Por que então ela nos faz sofrer?

Rubem Alves assim explica: "A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar".

De fato, a saudade faz doer porque acarreta lembranças de um tempo bom que não pode ser revivido. Não podemos voltar no tempo.

Dizem que o tempo diminui a saudade. Na prática, porém, diante de uma perda significativa, a saudade até aumenta com o passar dos anos. O que alivia é a tristeza que ela envolve. E isso só é possível, considerando a saudade como ganho e não uma perda, um sentimento de pertencimento que pode nos afagar, se assim conseguirmos ressignificá-la.

A saudade é uma lembrança... Uma lembrança especial de algo ou alguém importante que sentimos falta. É diferente da memória... Memória é qualquer lembrança, qualquer coisa que eu sou capaz de lembrar. Saudade é uma memória que eu amo. Aqueles que se foram deixaram em mim uma memória de amor.

A sensação de vazio que por vezes sinto é pela falta das pessoas que eu amo. Mas a saudade não é vazio. Filosoficamente, a saudade é a presença da ausência. É uma ausência presente.

Por isso, eu me permito recordar os bons momentos vividos, confirmando a própria etimologia da palavra “recordar” que é “trazer de volta para o coração”...

Assim, consigo perceber que, apesar da transitoriedade da vida, os amores verdadeiros permanecem imortais. São eternos!