Lázaro Piunti
Décadas vencidas! Criança, a gente ouvia no rádio a propaganda (reclame!), das Casas Pernambucanas.
Uma voz feminina atendia à porta indagando:
- Quem bate?
E uma voz masculina, trêmula e rouca, respondia:
- É o frio!
Então, com fundo musical, a mulher dizia:
“Não adianta bater, eu não deixo você entrar; as Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar; vou comprar flanelas, lãs e cobertores eu vou comprar, nas Casas Pernambucanas... e nem vou sentir o inverno passar”.
Décadas depois, o frio pode ser igual. Mas a realidade me parece pior. Socialmente pior!
O número de desabrigados vai além das estatísticas.
Moradores de rua, elegantemente classificados “em situação de vulnerabilidade”, compõem cifras espantosamente aterradoras.
O contingente de miseráveis cresceu. Vergonhosamente! Tristemente.
Culpados? Todos e todas! Governo e nós!
Sim, nós, cidadãos situados em um patamar acima do sofrimento alheio!
O drama que disfarça a tragédia nos acusa. Iniquidade coletiva!
É o pecado que brada aos céus!
16/05/2022.