Lázaro Piunti
Vestida com o azul das nuvens ela saiu às ruas em direção à sorte.
Nos lábios pintou o brilho morno dos morangos silvestres.
Atravessou a esquina dos desejos!
Sua formosura atiçou olhares de cobiça de garotos impúberes
Tinha graça no andar e seu corpo esbelto flutuava na noite menina.
Misturou-se à pressa dos passantes em meio à floresta urbana.
A silhueta tentadora perdeu-se da vista dos meninos de aura incandescente.
Aproximou-se do conjunto de prédios ricos detendo-se cautelosa na alameda nobre.
No carro novo o homem maduro a aguardava ao meio-fio.
Colheu-a como o exímio jardineiro que subtrai dos canteiros uma flor em flor.
Ela partiu sorrindo
Para o templo dos mistérios!
No começo da manhã, antes da aurora, voltou à moradia da periferia adormecida.
E a névoa matutina brincava com seus cabelos espalhados no rosto cansado.
Já não havia batom em seus lábios!
Nas entranhas da fina bolsa notas graúdas dormitavam!
(Manchadas de paixão)!
Lázaro Piunti – 15-09-2013.