Reinaldo Bressani
Cá para nós,
a sombra da noite escura é uma grande aliada da Lua, pois, é através dela – a escuridão – que o charme todo do luar aflora.
Charme que advém exatamente do fato de que seus raios, ao atravessarem o breu que esconsa o olhar, iluminam, ainda que de forma variada, ora pálida – tímida -, ora mais intensa, os caminhos dos que vagam pela noite.
E, exatamente, esse fato é que nos causa desconforto e paúra, porque, das sendas iluminadas brotam as percepções de medo, que assustam e agem quais sargaços que atam os movimentos do próprio corpo em razão dos pressentimentos trazidos pelos enigmas da noite.
Medo, aliás, tanto da fauna agressiva realmente existente, é verdade, quanto daquelas figuras iludentes que afloram ao ambiente criado pelos reflexos das luzes voláteis que provocam a traumática sensação que tanto fustiga nossos sentidos face aos espectros imaginados pela confusão mental decorrente e, por consequência, a excitabilidade provocada pela percepção cinésica.
Por outro lado, em decorrência delas – as percepções -, brota também o encanto daquela magia que aquece o lirismo dos gestos e das palavras, além do desejo incontido aflorado dos beijos, dos abraços, e das entregas às loucuras do amor.
Pois que, amor sob o luar, extravasa qualquer limite, soltando a tramela das contenções e as comportas das volúpias carnais acesas pela hora do prazer que o sexo traz.
Sexo! consequente ou inconsequente, que somente o tempo dirá.
O certo é que, no outono as folhas caem, assim como, no final da primavera caem as pétalas ressequidas das flores.
Por outro lado, o verão será tempo das bonanças dos frutos e seus sabores.
Neste sentido, segue a vida na busca de sua faina reprodutiva a fim de garantir a preservação das espécies que povoam este nosso mundo.
Aí porque, por sua vez, os suaves raios de luar, com suas nuances que se alteram momento a momento em intensidade e poder indutor, revelam-se prodigiosos cupidos, incentivando os amantes à liberdade de voos incisivos, dando à cereja sua cor de paixão e volúpia incontidas, além da taça que embriaga e afasta o medo que dita a razão, gerando aos amantes o êxtase consequente.
Êxtase que abre todo um oceano para a vela seguir velejando livremente ao sabor dos ventos.
Depois, quando o luar se põe, os raios madrugadeiros do Sol sempre trazem nova alquimia à vida, e o calor arrebatador das brasas seguirá liberto pelos caminhos das alegrias, dos anseios e das quimeras, a todos aqueles que venham a sonhar o amor sob os doces, mas candentes, tanto quanto, envolventes raios de luar.