Quando, nos tempos hodiernos, ouvimos a palavra Príncipe, num primeiro momento, para alguns, creio, vem à mente, O Príncipe, obra de Maquiavel. Para outros, O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupérie...
Príncipe, conforme os léxicos: 1) filho ou membro de família reinante. 2. Filho primogênito do rei.
Príncipe atualmente pode designar os herdeiros de um rei ou imperador, o monarca de um principado ou membros de família real. Na maioria das monarquias, o título de príncipe é dado a todos os descendentes de um monarca. (Wikipédia).
Por que será que os autores dessas obras, tão conhecidas e comentadas, se valeram dessa palavra para nominar suas obras?!
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença, Itália. É considerado o pai da moderna teoria política. Ele defendia a centralização do poder, sem propender para o absolutismo, onde, segundo ele, para um estado forte, seu governante deveria possuir boas habilidades políticas.
Esse livro foi escrito em 1513, porém só foi publicado em 1532. Neste, o mito do príncipe bondoso é deixado de lado, para se discutir propostas de como o mesmo deveria governar efetivamente...
Por sua vez, O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry, escritor, aviador e ilustrador francês, que, aparentemente, parece ser livro infantil, na verdade, é um dos mais publicados e lidos no mundo; contem verdades filosóficas sobre a existência humana, onde a amizade, amor, solidão, frustrações por nossas perdas, fazem parte da vida. O escritor narra a história de amizade de um homem com um príncipe/menino que habita um asteroide no espaço sideral. Aquele, frustrado por ninguém entender seus desenhos, passa a vislumbrar sua própria história no pequeno príncipe, através de desenhos que este vai lhe apresentando...
Há muitas outras histórias sobre príncipes lutando com dragões, salvando princesas e, até, de sapo transformando-se em um belo príncipe. Quem não conhece, não é mesmo?!
Indubitavelmente, os contos principescos são sempre emocionantes, envolventes, atraindo a atenção de crianças e adultos.
Os príncipes nessas histórias são, em sua maior parte, sempre belos, desejados, bons, adorados, tanto quanto as princesas...
Há, obviamente, os príncipes malvados, eis que a dualidade acompanha a vida...
Assim, creio, desnecessário dizer numa só palavra, a razão de referidos autores terem nominando suas obras com a palavra Príncipe.
Na verdade, o que aqui me levou a escrever este artigo foi um comentário mantido recentemente, com minha Confreira na Academia Cristã de Letras, Di Bonetti, (Cadeira 24), sobre o PRÍNCIPE DOS POETAS BRASILEIROS, Paulo Lebeis Bomfim, falecido em 07/07/2019.
Foram seis, os agraciados com esse honroso título:
Primeiro: OLAVO MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC (OLAVO BILAC), em 1913 (Nasceu em 16 de Dezembro de 1865. Faleceu em 28 de Dezembro de 1918).
Segundo: ANTONIO MARIANO ALBERTO DE OLIVEIRA, em 1924. (Nasceu em 28/04/1857 em Saquarema/RJ e faleceu em 19/01/1937).
Terceiro: OLEGÁRIO MARIANO CARNEIRO DA CUNHA, em 1937. (Nasceu em 24/03/1889 e faleceu em 28/11/1958).
Quarto: GUILHERME DE ALMEIDA, em 1959. (Nasceu em 24/07/1890, Campinas/SP e faleceu em 11/07/1969)
Quinto: MENOTTI DEL PICCHIA, em 1982. (Nasceu em 20/03/1892 e faleceu em 23/08/1989).
Sexto: PAULO LÉBEIS BOMFIM, em 1991. (Nasceu em 30/09/1926 em São Paulo e faleceu em 07/07/2019 em SP/Capital).
A ideia desse título partiu da Revista Fon-Fon, - sempre voltada à literatura - a qual promoveu um concurso para eleger, pela primeira vez, O Príncipe dos Poetas Brasileiros. Tendo, pois, Olavo Bilac saído vencedor. E, diga-se de passagem, que ele concorreu com Augusto dos Anjos e Manoel Bandeira!
Para o segundo e terceiro, também foi a Revista Fon-Fon a promover aescolha. Já para o quarto, qual seja Guilherme de Almeida, a promoção foi do Jornal Correio da Manhã.
Para o Quinto: Menotti Del Picchia: A escolha foi feita pela Associação dos Escritores Brasileiros.
Para o sexto: coube, em 1991, à Revista Brasília, tendo sido escolhido Paulo Bomfim!
Eu poderia deixar aqui uma pergunta sobre quem poderia ser o nosso próximo príncipe... Mas, voltando a conversar, hoje, (19 de Novembro de 2020), com Di Bonetti, que era amiga do Poeta, optei pelo mesmo NÃO proposto, e que ora reforço com as palavras do Confrade José Renato Nalini (Cadeira 8, da ACL), insertas na contracapa da obra do Poeta: Janeiros de Meu São Paulo: Qual vinho de boa origem, PAULO BOMFIM se torna melhor a cada dia. Saborear seus textos é recolher a crença no humanismo. É mergulhar no passado de verdadeira glória da gente bandeirante. A glória dos atributos éticos, da força de caráter, do protagonismo saudável, única herança irrecusável para quem ainda detiver brio.
Reconstitui com beleza a História que não se faz só com documentos. O relato poético é aquele destinado a se radicar na memória. Ninguém se esquece daquilo que ele narra com amor e poesia. Por isso é que, Poeta, é ele autêntico historiador.
Na noite do breu do presente insensato, consegue capturar vagalumes que se perderiam não fora o estupendo acervo de suas reminiscências. Propicia com isso a claridade afetiva que acalora a alma de seus amigos.
Como todo homem de talento, PAULO BOMFIM tem direito à sua glória. Privilegiado pelo Deus poético, ele a mereceu desde sempre. Sua obra foi louvada a partir do surgimento. Continua a colhê-la, reluzente e honesta, nos seus oitenta janeiros. (grifei).
Continuemos a caminhar com o nosso sempre Príncipe dos Poetas: Paulo Bomfim, pois: “Caminhamos, e se no fim do caminho não existir mais nada, inventaremos o horizonte”.
Frances de Azevedo - Cadeira 39 da ACL