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Lázaro Piunti

Peço que me perdoem a afirmação. Longe de qualquer exibicionismo, declaro ser uma pessoa que a vida ensinou a VER além das imagens e LER além das palavras escritas.

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A Copa Mundial de Futebol no Qatar terminou no dia 18/12/2022 com a Argentina campeã. Após empate 3 x 3, incluindo prorrogação, a Argentina venceu a França nos pênaltis: 4 x 2.

O detalhe pouco notado: Na Seleção Argentina nenhum atleta negro entre os 26 campeões!

Como é possível em um país sul-americano não figurar atletas descendentes de países africanos, de onde vieram milhões de seres humanos escravizados para as Américas?

A verdade é que a Seleção vizinha não convoca negros desde sempre. A única exceção foi o goleiro Héctor, reserva na Copa de 1978. Diferentemente do Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, tradicionalmente com formação multirracial.

Na Copa do Qatar a interação racial se fez presente nas seleções europeias. Alemanha: 07 negros; Bélgica: 09 negros; Espanha: 04 negros; França (vice-campeã): 14 negros; Inglaterra: 05 negros; Portugal: 06 negros.

A realidade sugere profunda reflexão. A Argentina desde sua 1ª Constituição (1823 e Reformas sucessivas - 1860, 1866, 1898 e 1957), conserva intacta a EMENDA 25, que diz: “O GOVERNO FEDERAL DEVE PROMOVER A IMIGRAÇÃO EUROPÉIA” Ninguém se assuste. Essa determinação foi mantida na atual Constituição aprovada em 15/12/1994. Está em vigor!

O País já registrou população negra na faixa de 30%. Nas diversas guerras, os afrodescendentes eram convocados e havia a promessa oficial de Liberdade, depois de cinco anos lutando nas frentes das batalhas. Foram sumariamente dizimados. Atualmente as estatísticas contabilizam 2% de pessoas pretas na Argentina.

Esse cenário independe do fator ideológico. Recentemente o Presidente da República, Alberto Fernandez, esquerdista, fez uma declaração infeliz: Disse ele: “mexicanos vieram dos índios; brasileiros vieram das selvas; nós, argentinos, viemos dos navios da Europa”! Logicamente a reação internacional contra tamanha estupidez fez o Presidente argentino se retratar.

O problema do preconceito parece encarnado na mente da maioria dos argentinos. É comum o uso da palavra “morocho” (os “bronzeados”) – definindo as pessoas não brancas! Para finalizar, como ingrediente cômico a aliviar assunto tão deprimente, a relembrança de velho provérbio: “O argentino tem sobrenome italiano, fala espanhol e pensa que é inglês”!

(BAIXAR A CORTINA... RÁPIDO)!

 

Lázaro Piunti – 11/09/2023.