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Márcia Etelli Coelho 

21 de fevereiro de 1874 chegava ao Brasil a expedição de Pietro Tabachi que, saindo de Gênova, atracou no Espírito Santo com o navio La Sofia.

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À bordo, 380 italianos, motivados por uma campanha governamental que induzira a ideia de prosperidade no que era chamado de paraíso brasileiro. A realidade, porém, viria se mostrar não cumpridora da maioria das promessas. O sonho, porém, persistia.

No desconforto da terceira classe, a viagem se prolongou por quase dois meses. A imensidão do oceano em que nada se avistava além do horizonte, o céu com desconhecidas estrelas e as mortes que ocorriam, desencadeavam ansiedade e, provavelmente, medo. O passado ficava cada vez mais para trás e o futuro era uma incógnita.

A decisão da partida exigiu coragem e desapego.

A exaustiva viagem, resistência e paciência.

A nova vida, resiliência e adaptação.

Em toda a trajetória, fé.

E foi através da fé que, as lágrimas da despedida cederam espaço para o sorriso da chegada. Em ambos os momentos, o coração bateu mais forte.

Com a abolição progressiva da escravatura no Brasil, os imigrantes italianos vieram trabalhar principalmente nas lavouras do café.

Depois de um período de quarentena, a maioria recebeu abrigo e sementes. Seus braços? Uma enorme vontade de trabalhar.

Ao longo de décadas, milhões de italianos registraram sua presença no Brasil. Implantaram uma agricultura mais moderna, incrementaram o trabalho em família e deixaram um importante legado nas artes, na cultura, na economia. Enfim, ajudaram a construir o Brasil.

O que seria de SP sem o MASP de Lina Bombardi? E o audacioso (para a época) do edifício Martinelli?

Algumas palavras de origem italiana há muito se incorporaram no nosso dia a dia: pizza, nhoque, risoto, lasanha, ravióli, denotando a importância da sua deliciosa gastronomia.

Mas também maestro, soprano, violino, serenata, camarim, porcelana, aquarela... Um povo realmente artístico.

E até a festa mais popular brasileira também teve a contribuição italiana no nome: Carnaval.

Os italianos imigrantes se adaptaram, mas mantiveram seus costumes e cultura, principalmente na alegria e religiosidade.

Seus descendentes muito contribuíram para que o Brasil se tornasse uma grande nação: Terra Nostra... Terra de todos nós.

Impossível registrar o nome de todos, sem cometer injustiças. Mas, permitam-me citar apenas alguns.

O fato é que o Brasil ficou mais poético com os escritos de Fernando Sabino, Menotti del Piccihia e Viriato Correia.

Mais alegre com as músicas de Adoniran Barbosa, Dorival Caymmi e Rita Lee.

Mais emocionante com as atuações de Cacilda Becker, Gianfransceco Guarnieri e Fernanda Montenegro.

Mais próspero com Roberto Marinho, Victor Civita e Matarazzo.

O Brasil com certeza seria mais pobre culturalmente sem as obras de Cândido Portinari e a criatividade de Elifas Andreato e Washington Olivetto.

E são milhares de descendentes italianos famosos e milhões que, mesmo sem celebridade, construíram (e constroem) um Brasil melhor.

A cada um deles a nossa sincera gratidão.