Reinaldo Bressani
Raios furtivos de sol reluzindo entre as frestas das árvores frondosas, criando cenários de luz dispersa, dão àquele espaço que margeia o jardim, um frescor ameno e deliciosamente acolhedor.
O frescor da sombra que recobre os bancos, ali colocados estrategicamente, se acentua ante a presença confortante do pequeno lago de águas translúcidas, onde, modesta, mas copiosa nascente faz brotar, ali mesmo, suas águas límpidas e cristalinas.
Lago adornado por coloridas carpas que, majestosamente, acrescem todo um charme de beleza oriental, deslumbrante aos olhos e extremamente envolvente.
Desses bancos é possível sentir a deleitante magia do envolvimento, propiciada pelo grandioso e bem cuidado jardim cujo magnetismo emana das nuances múltiplas de suas cores fartas e atraentes, bem como, do aroma doce de suas flores encantadoramente perfumadas. Eflúvios peculiares que são fundamentais lenitivos à alma.
Verdadeiro santuário, qual um oásis etéreo e sereno, cuja mansidão carrega por si uma aura de paz e tranquilidade imperturbável.
Autêntico templo de recolhimento interior propício aos tão necessários momentos voltados à reflexão sobre nossos problemas, nossos relacionamentos, nossas dúvidas, nossas atitudes e nossas metas de vida. Reflexão, enfim, extremamente necessária a uma rearmonização entre corpo e espírito, e, consequentemente, do próprio reequilíbrio mental.
Ante tal mansidão, fecho os olhos e deixo-me envolver pelo clima ascético e espiritual existente naquele ambiente, e, envolto pelo magnetismo e fascínio eloquente propiciado pela quietude reinante, ponho-me a refletir quanto àquele equilíbrio evolado em fluidos sensoriais.
A refletir sobre a necessidade de assumirmos compromisso, não só com a preservação de espaços de grandiosidade tão patente e com tamanho grau de arrebatamento e magia como aquele.
Também, quanto a fundamental e urgentíssima multiplicação dos mesmos e, consequentemente, desenvolver uma consciência ecológica maciça voltada eminentemente à imposição de projetos inteligentes no tocante à integração homem/natureza.
Neste sentido, essencial que haja um sensibilizado e coletivo empenho, visando, de maneira integrada e compromissada com objetivos sérios e sustentáveis, transmudar aqueles comportamentos destrutivos, revertendo-os a uma volição em sentido diverso, isto é, a uma evolução conscienciosa quanto aos benefícios de uma convivência harmoniosa com a natureza.
Tal volição pode parecer sonho utópico. Todavia se houver atitudes coletivas visceralmente responsáveis e absolutamente voltadas a tais propósitos, acrescidas do engajamento efetivo do poder público e da mídia, o sonho certamente se concretizará para o bem de todos.