Frances de Azevedo
De certa feita escrevi o seguinte poema: Carta que não escrevi a meu pai.
Hoje, ao receber correspondência do Confrade Justino, datada de 18 de fevereiro (2025), resolvi escrever esta crônica.
Antes de me sentar, o introito acima assomou à minha lembrança, nitidamente.
Por que me pergunto?!
Certamente, pela boa surpresa! Tão difícil hoje em dia, em plena era eletrônica, com e-mails, WhatsApp e outros que tais, receber, via Correios, carta registrada, na porta de sua casa.
Obviamente, que exultei, fazendo jus à premonição do missivista que antevia minha satisfação, senão vejamos:
E é esse trabalho que ora lhe encaminho, antevendo o seu regozijo no momento de recebê-lo, justamente por se tratar do PRINCIPE DOS POETAS BRASILEIROS, e que lamentavelmente nos deixou no ano de 2019.
Antes de prosseguir, menciono alguns trechos de outra crônica de minha lavra intitulada Carta, publicada no site da ACL, onde plasmado meu entusiasmo em receber cartas:
Ah! O tempo em que se escreviam cartas!
Há um sentido profundo no escrever uma Carta. É a fala de coração para coração!
Há inúmeros significados para a palavra Carta, que vai desde correspondência escrita, passando por favor, mensagem, mapa, diploma, regulamento, lei, baralho...
Todavia, aqui, o que me traz é o seu sentido literal de comunicação, do falar, conversar com alguém, expor sua real emoção, através da escrita. Carta dos tempos em que não havia comunicação eletrônica, dos tempos em que o único meio para se falar à distância era por meio de cartas!
Sabe-se de Cartas Históricas em que os mais sutis sentimentos foram revelados, como a Carta de Machado de Assis a Joaquim Nabuco, relatando o seu sofrimento sobre a morte da esposa. E as Cartas de Amor, como a de Almeida Garret para Rosa Barreiras e a de Fernando Pessoa para Ofélia Queiroz...
Também há a conhecida Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, relatando sua impressão sobre a nova terra que viria a ser chamada Brasil!
Não poderia olvidar das Cartas que nossa Confreira Rosa Maria Custódio, Cadeira 30, escreveu à Lides, sua genitora, e retratadas fielmente em sua obra “O Inventário de Lides” (ABR- Editora, 2011), onde a saudade da distância foi minimizada pelo diálogo estabelecido naquelas!
Prosseguindo, o Confrade Justino Magno Araújo é titular da Cadeira 17. Patrono: José Carlos de Macedo Soares, da Academia Cristã de Letras.
Nessa carta, ele relata sua emoção quando da nossa reunião na clínica do nosso Presidente Juarez Moraes de Avelar, no dia 15 de fevereiro deste ano (2025). Em paralelo, recorda: “... ocorreu-me a lembrança de um belíssimo poema escrito pelo inesquecível poeta PAULO BOMFIM, onde abordou, com extrema sensibilidade, pessoa de quem exerce essa nobilíssima profissão”.
A profissão a que se refere é a de advogado e o poema referido e anexado é O Advogado. Desconhecia tal poema.
O Confrade Justino Magno de Araújo resolveu me enviar essa carta em decorrência de nossa recente conversa sobre os profissionais da área jurídica que integram o nosso sodalício: a nossa amada Academia Cristã de Letras, e sobre os quais resolvi alinhavar um trabalho memorialista, ora em curso.
Vamos, pois, ao início dessa jubilosa missiva: “No sábado próximo passado, tivemos a oportunidade de assistir, no belo auditório da Clínica do Dr. Juarez Avelar, uma das mais lindas tertúlias de nossa querida Academia, isto porque, o tema escolhido pela ilustre Conferencista a Sra. Maria Gertrudes Focássio, além de prender a atenção da plateia, ensejou uma verdadeira homenagem às mulheres, mui justa e merecida, pois se não fossem elas, ninguém estaria presente no mundo. ”
Nesse diapasão de amorosidade e reconhecimento, ele relata “a felicidade no rosto dos presentes, numa manhã luminosa, plena de calor humano, em debate extremamente rico, próprio do movimento acadêmico. “
Parabeniza nossa grei, em especial o presidente Juarez Avelar que “esbanja simpatia a todo instante”, afirmando: “Sinto-me orgulhoso de fazer parte de nossa entidade. ”
Anexa sua foto com o Príncipe dos Poetas Paulo Bomfim, em momento especial, quando recebeu das mãos deste o diploma de sócio do IHGSP!
E nesse louvor de reconhecimento, grande satisfação e alegria de quem possui um coração generoso e reconhecido, ele não poderia deixar de findar sua missiva senão desta forma:
“Fatos como esse só nos fazem agradecer e louvar a DEUS, bem como o Nosso Senhor JESUS CRISTO, de quem somos e seremos eternos devotos. “
E eu só posso dizer AMÉM. Muito obrigada.
Frances de Azevedo - Cadeira 39 da ACL