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  • Fonte: Frances de Azevedo

Discorre o nobre Confrade Paulo Nathanael sobre a enfermidade de nossa pátria Brasil, asseverando que a doença ocorre devido a três crises conjugadas: a economia, a política e a moral, e que foi convocado o Dr. Joaquim Levy para resolver a situação. Porém, segundo Nathanael, apenas no que tange à crise econômico-financeira, pois para demais questões (política e moral), “será preciso encontrar outros Joaquins para examiná-las e oferecer soluções viáveis...”

ORA, aqui, a poeta que este artigo escreve, indo na mesma esteira, foi buscar “outros Joaquins”, porém no campo lírico, porquanto poeta que se preza não se descuida das questões político-sociais, morais...

Frances de Azevedo 2 56cceJoaquim Pessoa, poeta português, diz: “Julgo que a poesia tem, também, a obrigação de palpar o mundo, de estar atenta aos sintomas e ajudar ao diagnóstico”.

Por que não poetarmos a exemplo de Castro Alves que abraçou a causa escravagista, pondo-se a campo, literalmente, subindo em caixotes, em praça pública, e soltando seu brado em prol de uma raça escravizada!

Será que não mais se ouve a poesia social, aquela que procura alertar sobre os desmandos, corrupção, seja lá que nome isso tenha?

Ou será que não mais se faz poesia como antigamente, onde o poeta, em versos candentes, punha todo seu ardor: quer fosse para sua amada, quer para empunhar a espada contra os malfeitores dos governos, da sociedade como um todo?

Outro poeta: José JOAQUIM de Campos da Costa Medeiros de Albuquerque, nascido em Recife, PE,em 4 de Setembro de 1867, falecido em 1934, autor da letra do

Hino da República, cantou em versos a esperança, a liberdade, um novo porvir para nosso país. Procurou, nesta letra, expurgar todos os males que, até então,

pendiam sobre nossas cabeças.

 

Seja um pálio de luz desdobrado

Sob a larga amplidão destes céus

Este canto rebel que o passado

Vem remir dos mais torpes labéus!

Seja um hino de glória que fale

De esperança de um novo porvir!

Com visões de triunfos embale

Quem por ele tentando surgir!

Liberdade! Liberdade!

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E agora Joaquim, melhor colocando, José, que era também Joaquim: o que fazer em relação à crise econômico-financeiro, política e moral em nossa Pátria amada Brasil?

Haverá um Joaquim poeta “capaz de fazer com sucesso o enfrentamento dessas ciclópicas tarefas”, caríssimo Confrade Nathanael, pelo menos, dando, no papel, as diretrizes líricas, porém eivadas de conteúdo prático?

Espero que sim. Esperamos que sim.

 

Frances de Azevedo
Cadeira 39 da ACL
28/03/2015