Helio Begliomini -
Não há dúvida de que o racismo, independentemente da etnia, e o preconceito lato sensu, devam ser banidos em quaisquer contextos hodiernos. Contudo, a questão do racismo, ultimamente, se não tem ganhado na sociedade brasileira um caráter hilário, ao menos, com certeza, tem ferido princípios da mais salutar coerência da lógica e da razão.
Hoje se considera racista, independentemente do contexto, chamar um jogador negro de “macaco”. Provavelmente se o chamasse de “zebra”, “pombinha”, “leão”, “mariposa” ou mesmo de “burro”, não daria margens a acusação subjetiva de racismo.
Ademais, se o torcedor ofender a santa progenitora do jogador com pesadas, insultuosas e repugnantes palavras – como se costuma ouvir há décadas no calor das torcidas, independentemente da etnia ou da função exercida no campo de futebol, seja jogador, juiz, bandeirinha, técnico ou gandula –, não se cogita em levar o cidadão (ou grande parte da torcida) a prestar depoimento na delegacia.
Talvez, na nefasta cultura do “politicamente correto” (quiçá “incorreto”!), se esteja caminhando irracionalmente para a elaboração de um léxico de palavras consideradas racistas e passíveis de punição, mas continuarão sendo incoerentemente abonadas ou ao menos ignoradas, ofensas através de palavrões ou de atitudes obscenas, independentemente da raça do ofendido.
[1] Anais da VIII Jornada Nacional da Sobrames – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, realizada de 15 a 18 de outubro de 2015, em Tubarão (SC). Editora Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, página 26.