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  • Fonte: Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

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PROBIÓTICOS – O QUE SÃO?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), probióticos são microrganismos vivos (em geral, bactérias) que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Para receber essa classificação, o microrganismo precisa chegar vivo e ativo no intestino (cólon); ser comprovadamente seguro; estar em quantidades
adequadas na forma de células vivas, antes da ingestão; exercer benefício clinicamente comprovado e permanecer vivo e estável no produto até o prazo final de validade. Os tipos mais comuns de probióticos são os lactobacilos e as bifidobactérias. A Agência de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) considera como probióticos um alimento e não um medicamento.

PROBIÓTICOS – INDICAÇÃO

Seu uso é indicado devido aos benefícios que trazem para a saúde intestinal e, consequentemente, para a saúde humana. Sua ação para manter ou mesmo melhorar a saúde humana não se restringe a adultos, porque sua eficácia e segurança permite sua utilização da faixa pediátrica aos idosos. Podem ser usados em pacientes com intolerância à lactose, pois sua ação auxilia a falta de lactase nesses pacientes. É bastante utilizado na Europa e na América do Norte, constando em vários consensos internacionais (OMGE, OMS, AGA e EMEA) e na pirâmide alimentar da Boa Saúde Digestiva da Organização Mundial de Gastroenterologia (WGO).

AÇÃO DOS PROBIÓTICOS
Sua eficácia como auxiliar na saúde gastrointestinal, e consequentemente, para a saúde humana, é evidente na prática diária. Ao serem ingeridos, beneficiam nosso organismo equilibrando a microbiota intestinal (anteriormente era chamada de flora intestinal), o colesterol, a diarreia (em frequência e duração), reduzindo a probabilidade de câncer do intestino, inibindo a ação das bactérias intestinais prejudiciais (ruins) ao bom funcionamento do organismo, ativando a imunidade humoral e celular, aumentando a digestão da lactose, reduzindo a insônia e prevenindo a constipação e o estresse. Os probióticos atuam no organismo na produção de compostos antimicrobianos e antibacterianos que auxiliam as bactérias benéficas (boas) a permanecerem no organismo e ainda diminuem a quantidade de microrganismos maléficos (que causam doenças).
Essa produção de compostos é feita no intestino grosso (cólon), onde as bactérias, que somam aproximadamente 90 trilhões, desempenham sua função no processo digestivo, de absorção e de sintetização de vitaminas.

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE
Alguns probióticos ajudam a modular o sistema imune intestinal e, com isso, contribuem para aumentar a capacidade de nossa defesa contra agressores ao interagir com as células da imunidade da mucosa intestinal e auxiliar no ataque a bactérias patogênicas (ruins). Agem no controle de doenças intestinais, tanto infecciosas (como a diarréia aguda ou infecções respiratórias virais, por exemplo), quanto funcionais, como a síndrome do intestino irritável, podem facilitar a evacuação intestinal, aumentando a frequência de defecação, melhorando a consistência das fezes e, consequentemente, melhorando os sintomas relacionados e a qualidade de vida dos indivíduos. Probióticos, do tipo bifidobactérias, na dieta podem contribuir para diminuir os níveis de colesterol total pela diminuição do colesterol LDL (colesterol ruim), enquanto os níveis de colesterol HDL (colesterol bom) aumentam ligeiramente.

QUAIS SÃO OS MICRORGANISMOS USADOS?
Os microrganismos considerados como probióticos devem ser habitantes normais do intestino humano, apresentar rápida reprodução e resistência para se manter até o prazo de validade. Os principais microrganismos utilizados são:lactobacilos (acidófilos, casei, bulgáricus, lactis, plantarum); estreptococo termófilus; enterococus faecalis, faecium; e bifidobactérias (difibus, longus, lactis e infantis).

COMO INGERILOS?
Os probióticos são ingeridos em iogurtes, leites fermentados, complementos, em pó ou em cápsulas. Quando ingeridos com alimentos, é importante que esses alimentos tenham quantidade adequada (mínimo de 10 bilhões UFC/g) desses microrganismos, para desempenhar suas funções.

ALIMENTOS E PROBIÓTICOS
Eles têm sido cada vez mais utilizados em alimentos no sentido de propiciar, no campo da nutrição preventiva, uma microbiota intestinal saudável e equilibrada às pessoas, resultando em diversos benefícios à saúde humana. A incorporação de alimentos com probióticos no cardápio pode estimular o crescimento de microrganismos benéficos com conseqüente melhoria da saúde do organismo, como a redução de tempo de trânsito intestinal e a manutenção das defesas do corpo.

FREQÜÊNCIA E A QUANTIDADE IDEAL QUE DEVEMOS INGERIR
Para garantir um efeito contínuo, os probióticos devem ser ingeridos diariamente. Estudos demonstraram que para serem eficazes, devem ser consumidos em concentração superior a 10 bilhões UFC/g.  

FRASE DA SEMANA
“Tudo o que está escrito nos textos é importante, mas tem menos valor que a experiência adquirida por um médico criterioso”
Rhazes (854-925 d.C.), médico islâmico, polímata e filosofo

CURIOSIDADE DA SEMANA
Bactérias intestinais
As fezes, longe de serem somente os resíduos de nossa comida, são parte bactérias, algumas mortas, outras vivas. Elas podem corresponder a até 75% do peso das fezes, enquanto as fibras vegetais constituem cerca de 17%. Nosso intestino abriga em torno de 1,5 kg de bactérias (semelhante ao peso do fígado), cuja vida útil é de poucos dias. As mais de mil espécies de bactérias que aí habitam são um indicador de nosso estado de saúde e da qualidade da nossa alimentação. Os grupos (filos) de bactérias mais frequentes nas fezes são formados de
bacteroidetes e firmicutes.

*Flávio Antonio Quilici, médico e escritor, mantém com a filha Lisandra M Quilici, coluna semanal no Correio Popular – Campinas, aqui reproduzida. Ele ocupa a cadeira 04 da Academia Cristã de Letras - ACL