O Rádio no Brasil completou 100 anos, neste 7 de setembro de 2022 e sua história, é repleta de fatos inusitados
Vamos dar início a partir dessa postagem no Portal da Academia Cristã de Letras - ACL, a uma série de artigos sobre o centenário do Rádio no Brasil. Oficialmente sua história como veículo de comunicação, começa no dia 7 de setembro de 1922, com a abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada no Rio de Janeiro.
No total, 14 países de 3 continentes, participaram do evento que recebeu da abertura até o encerramento, em 15 de novembro do mesmo ano, cerca de três milhões de visitantes.
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O que mais surpreendeu em termos de tecnologia e modernidade foi a presença de um aparelho de rádio receptor, capaz de reproduzir a voz humana pronunciada em longa distância, algo até então desconhecido pela maioria dos brasileiros.
Para que a irradiação acontecesse, foi preciso instalar uma torre no Morro do Corcovado e um transmissor de ondas sonoras com microfone, no gabinete do então presidente da República, Epitácio Pessoa, cujo rosto aparece em um selo comemorativo do evento.
Do Palácio do Catete, o presidente fez um discurso que pôde ser ouvido por todos os presentes na cerimônia inaugural da exposição.
Entre os visitantes estava o médico, professor e escritor, Edgard Roquette Pinto que viu na nova tecnologia, segundo palavras dele, “uma máquina importante para educar nosso povo”.
Terminada a mostra internacional, em 15 de novembro, ninguém se interessou em adquirir o equipamento de transmissão radiofônica trazido ao Brasil, pela empresa norte-americana Westinghause.
Roquette Pinto solicitou uma audiência com Epitácio Pessoa, na tentativa de convencer o governo federal a comprar os equipamentos, sob o argumento da força política daquele meio de comunicação. Assim mesmo, não veio do presidente da República, a receptividade esperada.
Procurou então, a Academia Brasileira de Ciências e sugeriu aos integrantes daquele sodalício que eles próprios, em sociedade, comprassem os equipamentos para serem usados com a finalidade educativa e depois de algumas discussões sua ideia foi aceita.
Graças a esse esforço, em 20 de abril de 1923, foi inaugurada a primeira emissora oficial de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, tendo Roquette Pinto como diretor.
Em 1936, ano em que os aparelhos de rádio passaram a ser vendidos em larga escala, nas lojas do ramo de todo o país, a Rádio Sociedade, foi doada ao Ministério da Educação e Saúde, para se cumprir a intenção de se fazer do Rádio, um veículo primordialmente educativo.
Entretanto, o presidente Getúlio Vargas, transferiu sua administração para o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural que mais tarde, em 1939, se transformaria no DIP, órgão responsável pela censura exercida durante boa parte da Era Vargas.
Consta que, ao se despedir do comando da emissora que fundara, Edgard Roquette Pinto sussurrou chorando ao ouvido da filha Beatriz: "Entrego esta rádio com a mesma emoção com que se casa uma filha".
Este é só o início da História do Rádio Brasil, outros artigos virão, peço que acompanhem a cada semana uma nova postagem.
Fontes: Tavares/Reynaldo C./Histórias que o Rádio não Contou/Herbra/São Paulo/1999.
Fotos: Acervo particular professor Pedro Vaz – Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero/São Paulo e Wikipedia