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28 Domingos Zamagna e088aHá exatamente 52 anos o Papa Paulo VI estabeleceu o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano será comemorado no dia 13 de maio (na liturgia católica, Domingo da Ascensão). Para cada ano a Santa Sé divulga uma mensagem especial, com um tema preciso. O Papa Francisco divulgou, em 24 de janeiro, a sua mensagem para 2018: “A verdade vos tornará livres”(Jo 8,32) – Fake News e jornalismo de paz.

A mensagem do Papa é muito rica, densa, mas concisa; não podemos abordá-la neste pequeno espaço senão em poucas linhas; e este texto não quer substituir a sua leitura, pois se trata de uma das mais lúcidas análises sobre um fato social de extrema relevância no universo das comunicações. Desejamos, contudo, destacar alguns aspectos.

Comecemos por uma questão básica: Teria a Igreja credencial para falar sobre comunicação? Sim, a Igreja tem muito o que dizer sobre comunicação, ela tem uma história mais que bi-milenar na difusão de uma “notícia feliz”, pois é isso o que significa o vocábulo grego “evangelho” (eu-angélion). E a notícia feliz não pode ser enganosa, ardilosa; precisa ser verdadeira.

Daí a oportunidade e urgência da mensagem do Papa, abordando o tema das notícias falsas (fake news), que se disseminam amplamente, envenenando as nossas mídias.

De tanto se esforçar para comunicar a boa notícia, a Igreja, no dizer de Paulo VI, tornou-se “perita em humanidade”. Inspirada no humanismo evangélico, a evangelização desce até as profundezas da alma humana e anuncia uma palavra iluminadora, de felicidade, justiça e paz.

A verdade é um bem muito precioso. Não se pode construir nada de bom, de saudável, senão sobre a verdade, tendo a verdade como alicerce. E como isso não se improvisa, o Papa Francisco propõe trabalhar em dois âmbitos:

- de um lado, combater a mentira, as “notícias falsas”. Não podemos aceitá-las, não podemos nos conformar com esse clima de mentira generalizada, de deformação da realidade dos fatos.

- de outro lado, é preciso uma educação, uma pedagogia para a verdade. Nenhum de nós é completamente imune à mentira, somos bombardeados todos os dias, lamentavelmente, por uma miríade de notícias falsas. Daí a necessidade de aprender a identificar essas notícias falsas. As faculdades de comunicação e os experientes profissionais da comunicação são instrumentos preciosos para nos formar, nos qualificar, nos habilitar para noticiar com exatidão, com decência, com ética.

Baseada no profissionalismo e na ética, o comunicador – o Papa fala especificamente do jornalista – será o construtor de uma sociedade baseada nas relações dignas entre pessoas, famílias, grupos e estados. Estes são os fundamentos para uma sociedade de justiça e paz.

Na antiguidade os romanos cunharam o seguinte adágio: Si vis pacem, para bellum (Se queres a paz, prepara-te para a guerra). Hoje, depois de tantas centúrias de guerras que, quando muito, conseguiram apenas estabelecer situações precárias, longe da verdadeira e duradoura justiça e paz, podemos inverter os termos: Se queres a paz, prepara-te para agir por meio da verdade, jamais através de noticias falsas.

O princípio, retomado pelo Papa, é claro, vem de Jesus Cristo, no evangelho de João (8,32): “A verdade vos tornará livres”.