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  • Fonte: Geraldo Nunes

Cada vez mais após a leitura de um noticiário, o comentário que se faz é este: “Parece que só existem desgraças! Os repórteres só falam guerras, corrupção e crimes violentos”.

Será que é sempre assim, ou do noticiário podemos extrair coisas boas?

Para se resolver essa questão, sugiro ao leitor proceder como o garimpeiro que peneira o cascalho na busca de pedras preciosas. Ao agirmos desta maneira, perceberemos que na mídia também surgem boas notícias, verdadeiras pepitas de ouro, aqui e ali. 

Dia desses li em um noticiário que por uma diferença de apenas nove minutos, dois caminhões carregados se serviram da mesma área de escape de uma rodovia estadual.

jornalismo 1 a2663credito foto: Agência Brasil

O repórter de forma inteligente, se ateve em relatar os benefícios da estratégia criada pela engenharia no sentido de aumentar a segurança para evitar acidentes e preservar vidas, além das cargas transportadas.

Os primeiros estudos a respeito da construção de áreas de escape na beira das estradas surgiram nos Estados Unidos entre as décadas de 1950 - 1960. 

Nessa época, a preocupação estava voltada especialmente à falha dos freios. Tentativas iniciais sugeriam o uso de rampas e outros dispositivos para deter os veículos pesados com problemas. Tais estudos levaram a outros procedimentos como a implantação das caixas de brita que além de frearem, evitavam danos maiores e acidentes graves.

Além de toda a sinalização e equipamentos instalados ao longo do percurso, as tecnologias adotadas se tornaram pontos tão importantes como a modernização e manutenção das rodovias.

No Brasil as áreas de escape começaram a ser implantadas nas rodovias, por volta da década de 2000, inicialmente preenchidas com materiais soltos, como cascalho ou pedras que evoluíram para o uso de argila expandida.

Elas paralisam totalmente os veículos desgovernados por problemas mecânicos, principalmente a falta de freios em descidas de serras.

A nossa Via Anchieta, muito utilizada por caminhões e carretas com destino ao Porto de Santos, é um exemplo de resultados favoráveis após a criação de áreas de escape.

Nesta rodovia o material utilizado tem a forma de bolinhas feitas de cerâmica capazes de segurar os veículos que se perdem na descida sem a necessidade de se construir rampas.

jornalismo 2 40376Crédito da Foto: Agência Brasil

Para o escape foi feita uma pista lateral sinalizada, a partir de uma bifurcação do acostamento, para que os condutores possam desviar e ingressar na caixa de pedras sem atingir outros veículos. O desvio não precisa ser longo, pois a eficiência é alta e a desaceleração do veículo pesado, é quase imediata.

Na matéria, o repórter apresentou estatísticas do elevado número de acidentes fatais antes registrados e a diminuição das ocorrências, após a implantação das áreas de escape. Este tipo de jornalismo é o que busca apresentar soluções e sua prática já está em no Brasil por alguns veículos de mídia. Não há como deixar de apresentar as notícias ruins, seria inverídico, mas propor soluções aos problemas apresentados, é uma alternativa para se garantir a credibilidade. Cabe agora aos profissionais que comandam as redações perceberem a importância dessa missão de fazer jornalismo nabusca de solucionar os problemas.

Este pode ser caminho para a reconquista da credibilidade da mídia, hoje tão abalada por comentários produzidos nas redes sociais.

Responder com inteligência às críticas desairosas, é o caminho para o jornalismo feito por profissionais de verdade.