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  • Fonte: Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

O QUE É HELICOBACTER PYLORI (Hp)?
É uma infecção crônica no estômago causada por uma bactéria, a Helicobacter pylori, conhecida pela sigla Hp e tem a maior prevalência (mais frequente) em todo o mundo e, por isso considerada um importante problema de saúde pública.

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A BACTÉRIA Hp
Helicobacter pylori (Hp) é uma bactéria que se caracteriza por habitar (colonizar) o estômago somente dos seres humanos e por isso, somos sua fonte de transmissão e contaminação. Ela incide em todas as idades, desde bebês até idosos, e ambos os gêneros.

COMO SE TRANSMITE
A transmissão (contaminação) mais comum da Hp é de pessoa para pessoa, pelas vias oral-oral e fecal-oral, em especial na infância e adolescência (é rara na idade adulta). É influenciada pelas condições de saneamento básico ruins.

Outros meios de contaminação são: água e verduras contaminadas pelas fezes com as bactérias vindas de um indivíduo previamente infectado. O Ministério da Saúde estima que há cerca de 150 milhões de brasileiros com essa bactéria no estômago.

CONSEQUÊNCIAS DA INFECÇÃO PELA Hp
Sabe-se que a presença da Hp no estômago não se acompanha, obrigatoriamente, de doença gástrica. A maioria dos indivíduos infectados (90%) não terá qualquer alteração ou doença grave, podendo até conviver com esta bactéria por toda a sua vida. Estima-se que somente 10% dos infectados irão desenvolver essas doenças.

SINTOMAS DA INFECÇÃO PELO Hp
Essa infecção pode provocar uma irritação gástrica, causando sintomas discretos, como má digestão, dor na boca do estômago (epigástrio), sensação de estômago embrulhado (náuseas) e/ou sensação de estufamento após as refeições.

COMPLICAÇÕES DA INFEÇÃO PELO Hp
Em alguns pacientes, esta infecção pode evoluir para gastrite (inflamação gástrica), e esta, para úlcera gastroduodenal. Alguns poucos casos, quando não tratados, há o risco de desenvolverem câncer no estômago (adenocarcinoma) ou, um tumor chamado linfoma MALT.

COMO É DIAGNOSTICADO O Hp
Faz-se o diagnóstico pela presença da bactéria em pequenos fragmentos da mucosa gástrica retirados por meio de biópsias durante o exame endoscópico (endoscopia digestiva alta). Esses fragmentos permitem a identificação da Hp de duas formas:
• Teste da urease: é de fácil execução e baixo custo e a confirmação da presença ou ausência da Hp é rápida. No entanto, sua eficácia é menor do que a do exame histopatológico;
• Exame histopatológico: ele identifica a presença da bactéria (Hp) observando-se o fragmento da mucosa gástrica no microscópio. Esse método pela endoscopia digestiva alta é importante porque confirma ou não a presença da bactéria (Hp), e avalia o tipo e a intensidade da inflamação que ela está provocando na mucosa gástrica (gastrite). Além do fato que a endoscopia digestiva alta, possibilita também, identificar a presença ou não, de outras doenças localizadas no esôfago, estômago e duodeno.
Outros métodos para diagnóstico (não invasivos) são:
• Teste respiratório: o paciente assopra em um aparelho que identifica se há a presença ou não da bactéria. Ele é considerado um bom exame para o controle da erradicação do Hp;
• Teste sanguíneo de anticorpos anti-Hp: realizado no soro do paciente. Pouco utilizado pelo seu alto custo;
• Teste de antígenos fecais (HpSA): feito através da pesquisa da Hp nas fezes do indivíduo por meio de reação imunoenzimática (também é de alto custo).

TRATAMENTO DO Hp
Por ser uma bactéria, o tratamento consiste na administração de antibióticos, associados a uma classe de medicamentos chamada de inibidores da bomba de prótons, que diminuem a acidez do estômago. Os fármacos devem ser usados por 14 dias. Após o tratamento, deve-se fazer novo teste, cerca de 6 meses após, para avaliar se a bactéria foi erradicada. Caso a pessoa ainda tenha o Hp no estômago, um novo tratamento deverá ser indicado.

FATORES DE RISCO
A infecção Hp é mais comum em populações com condições inadequadas de vida, precariedade sanitária e baixa renda familiar. Isso porque objetos contaminados e compartilhados são as principais fontes de contaminação, bem como a falta de água tratada e esgoto. Por isso, a contaminação ocorre geralmente na infância, atingindo com mais frequência a população em situação de pobreza. Importante saber que pessoas que fumam ou que utilizam muitos anti-inflamatórios, se infectadas pela Hp, têm risco aumentado de desenvolver úlcera gástrica.

FRASE DA SEMANA
“O ócio e a falta de ocupação arrastam a pessoa para o mal” - Hipócrates (460-377 a.C.) Pai de Medicina Ocidental

CURIOSIDADE DA SEMANA
Helicobacter pylori e Ötzi, o homem de gelo A relação antiga entre seres humanos e a inflamação gástrica pela bactéria Helicobacter pylori (Hp) pôde ser avaliada quando se descobriu, em 1991, nos Alpes de Ötztal, Europa, uma múmia congelada de um homem – chamado de “Ötzi, o Homem do Gelo” –, que morreu há mais de 5 mil anos. Essa múmia, preservada naturalmente no gelo, deu muitas informações sobre a saúde nos tempos pré-históricos: Ötzi tinha aproximadamente 45 anos quando morreu por uma flechada e, com ele, foram encontrados faca, machado, arco e flechas, além de um recipiente de couro onde guardava casca de árvores, provavelmente medicinais, entre as quais havia folhas com fungos, com propriedades laxativas e antibióticas. Durante o estudo do seu corpo pelos pesquisadores do Instituto EURAC, no norte da Itália, ele tinha uma infecção gástrica provocada pela presença da bactéria Helicobacter pylori, segundo a revista Science.

*Flávio Antonio Quilici, médico e escritor, mantém com a filha Lisandra M Quilici, coluna semanal no Correio Popular – Campinas, aqui reproduzida. Ele ocupa a cadeira 04 da Academia Cristã de Letras - ACL