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  • Fonte: Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

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O QUE É?
Conhecida também pela sigla DRGE, a doença do refluxo gastroesofágico é uma doença onde os episódios de refluxo gastroesofágico repetem-se de forma crônica. 

POR QUE ACONTECE?
O “refluxo gastroesofágico” acontece quando os conteúdos presentes no estômago — como os ácidos da digestão, a bile e os alimentos —, retornam em direção à boca através do esôfago, ao invés de permanecerem no estômago e, após digeridos, seguirem para o intestino. Esse retorno ocorre poucas vezes, diariamente, e a pessoa pode ter algum incomodo, porém ele (refluxo) é considerado normal. Essa situação somente é considerada como uma doença (DRGE), quando os sintomas se tornam frequentes, mais intensos, e piorando conforme a quantidade de episódios. Isso acontece porque a mucosa do esôfago não tem proteção contra esse conteúdo, em especial do ácido gástrico, que causa uma agressão local, denominada de “esofagite”, que se caracteriza por erosões.

INCIDÊNCIA
A DRGE é relativamente comum, podendo afetar todos as idades, desde bebês até idosos, sendo mais prevalente em países ocidentais. Aumentam com as idades avançadas, predisposição genética, presença de hérnia hiatal e condições que aumentam a pressão intra-abdominal, como obesidade e gestação.

FATORES DE RISCO
Pessoas obesas ou com sobrepeso, estresse, diabéticos e tabagistas.

SINTOMAS

  • regurgitação (o conteúdo do estômago sobe até a garganta);
  • dor no peito;
  • azia;
  • dor ou queimação na boca do estômago;
  • tosse seca;
  • rouquidão;
  • pigarro;
  • náusea ou enjoo.;
  • mau hálito.

Outros sintomas poderão ocorrer quando a frequência do refluxo aumenta muito, como boca seca, erosão dentária, aftas bucais, dor forte no peito que se confunde com dor cardíaca (tipo angina); asma; otite (inflamação no ouvido), sinusite (inflamação dos sinos nasais), faringite ou laringite (inflamação na garganta) e até bronquite e pneumonia (inflamação nos pulmões).

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da DRGE é eminentemente clínico, pela caracterização dos sintomas. No entanto, a endoscopia digestiva alta é, rotineiramente, solicitada porque complementa o diagnóstico, possibilitando avaliar as lesões ocasionadas pelo refluxo, como as erosões na mucosa esofágica. Quando indicadas, são realizadas biópsias para estudo histopatológico.

RECOMENDAÇÕES

  • Comer devagar e mastigar bem os alimentos;
  • Fracionar as refeições, comer mais vezes ao dia e em menor quantidade. Não pular refeições;
  • Beber pouco líquido durante as refeições;
  • Esperar no mínimo duas horas para deitar quando ingerir qualquer alimento e três horas quando for uma refeição completa (almoço ou jantar);
  • Mantenha o peso corporal saudável para sua altura e idade;
  • Dormir com a cabeceira da cama elevada (10 a 20 cm);

O QUE EVITAR

  • Refrigerantes, café, chá preto, leite e derivados, bebidas alcoólicas e achocolatadas;
  • Comer e/ou beber imediatamente antes de deitar-se;
  • Refeições noturnas em grande quantidade (jantar);
  • Alimentos de difícil digestão: frituras, condimentos fortes, sobremesas muito doces, embutidos, batata frita, feijoada, alho e cebola;
  • Alimentos gordurosos e chocolate (principalmente à noite);
  • Fazer esforço físico após alimentar-se;
  • Alimentos ácidos: sucos concentrados, molho de tomate industrializado, limão, e quando muito ácidos, o abacaxi, morango e laranja;
  • Evitar roupa muito apertada no abdome;
  • Alimentos muito quentes ou muito frios.

PROIBIDO: FUMAR!!!

PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DRGE

  • inflamação do esôfago (esofagite);
  • hérnia hiatal: estômago pode deslizar (subir) para dentro da cavidade torácica;
  • úlceras ou estreitamento no esôfago;
  • cicatrização anormal da esofagite, levando à metaplasia intestinal do esôfago, chamada de doença de Barrett, que se não tratada, pode caminhar para câncer.

TRATAMENTO

Como ainda não se tem exercícios, medicamentos ou cirurgia para “curar” a DRGE, o tratamento é realizado por meio de mudanças comportamentais e pela diminuição da acidez gástrica (antiácidos e inibidores das bombas de ácido).

A indicação de cirurgia para o tratamento da DRGE é individual e depende de situações especiais, principalmente, quando existe uma hérnia de hiato grande ou a presença da doença de Barret. É importante lembrar que a cirurgia não cura a DRGE.

IMPORTANTE

A DRGE é uma doença crônica, para a qual, ainda não há cura. Por isso, o objetivo do seu tratamento é erradicar os sintomas, evitando suas recidivas e cicatrizar a esofagite. Portanto é fundamental manter os cuidados e o tratamento orientado pelo seu médico.

FRASE DA SEMANA
A vida é curta, a arte é longa, a experiência enganosa, o empirismo perigoso, o julgamento difícil” - Hipócrates (460-377 a.C.) Pai de Medicina Ocidental

CURIOSIDADE DA SEMANA
O pior cego é aquele que não quer

O cristalino é uma lente natural do olho humano responsável pela maior parte do “poder de foco” das imagens. Se danificada ou opacificada (catarata) pode causar cegueira. Em 1647, em Nimes, França, o médico Vincent P. D’Argent fez a cirurgia de catarata em um aldeão de nome Angel que não enxergava desde a infância. A cirurgia foi um sucesso, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que viu. Pediu então, ao seu cirurgião que lhe arrancasse os olhos, o qual ele se negou a fazê-lo. Esse pedido chegou ao Tribunal de Paris, e depois ao Vaticano e, Angel ganhou a causa, tendo o cirurgião que tirar-lhe os olhos. Daí o ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”.

*Flávio Antonio Quilici, médico e escritor, mantém com a filha Lisandra M Quilici, coluna semanal no Correio Popular – Campinas, aqui reproduzida. Ele ocupa a cadeira 04 da Academia Cristã de Letras - ACL