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  • Fonte: Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

ESTENATOSE HEPÁTICA

A esteatose hepática – popularmente chamada de gordura no fígado – caracteriza-se pelo acúmulo excessivo (anormal) de gordura (lipídios) no interior do fígado (precisamente nas células do fígado chamadas de hepatócitos). Importante saber que uma das funções de fígado é de armazenar energia na forma de gordura – isso é saudável – e para qualificar-se como doença – a esteatose hepática – a quantidade de gordura armazenada devará ser superior à considerada normal (5% porcento ou mais).

É COMUM?

A esteatose hepática é uma condição cada dia mais comum, estimando-se que 20 a 30% da população em todo o mundo, apresente o problema e que, embora benigna na grande maioria dos pacientes, aproximadamente, 20% deles poderá evoluir para formas graves da doença. Atinge homens e mulheres, em todas as idades, incluindo crianças e adolescentes. A esteatose pode permanecer estável por muitos anos, em 70 a 80% dos pacientes, chegando a regredir se suas causas forem controladas.

SEUS SINTOMAS

É doença silenciosa (não apresenta sintomas), em geral associada a fatores metabólicos e com um crescente números de pacientes evoluindo, em duas décadas, para a cirrose.

QUAL O RISCO?

Está relacionada a várias causas, sobretudo, às doenças metabólicas, como diabetes, resistência à insulina, obesidade e sobrepeso (em especial, o acumulo de gordura abdominal, os “famosos” pneuzinhos); alterações lipídicas, como do colesterol e triglicerídeos; hepatites virais (inflamações crônicas no fígado); sedentarismo; má nutrição; hipertensão arterial; perda de peso rápica; medicamentos, como os corticoides, estrógeno, amiodarona, diltiazen e tamoxifeno; uso de esteroides anabolizantes (comum no físico-culturismo) e até mesmo, algumas relacionadas a cirurgias bariátricas.

DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA

Em geral, ela não representa uma situação grave. Necessitando somente de cuidados dietéticos e comportamentais. Quando ela se torna constante (crônica) e por tempo prolongado, tem o nome de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Importante saber que há outra enfermidade – a doença hepáica gordurosa alcoólica – que está relacionada ao uso abusivo de bebida alcoólica.

IMPORTÂNCIA DA DHGNA

Vários estudos norte-americanos sobre a Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica, identificaram que ela, nos EEUU, acomete aproximadamente, 70% dos obesos, 40% dos hipertensos e 30% dos diabéticos.

No entanto, sua maior importância, está no seu potencial evolutivo para formas inflamatórias fibrosantes (morte dos hepatócitos), as esteato-hepatites, que poderão acarretar cirrose hepática em até 30% deles e o carcinoma hepatocelular em 2,5%.

GRAVIDADE

Hoje é um importante problema de saúde pública por apresentar alta prevalência na população em geral – entre 20 a 30% dos pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica –, poderão evoluir, se não tratados corretamente, para uma inflamação nas células do fígado, capaz de acarretar uma doença, a “Esteatoepatite não alcoólica”, (NASH, sigla da doença em inglês). Nessa fase a esteatose se associa à morte celular (dos hepatócitos) e tem maior potencial de progressão, ao longo dos anos, para a cirrose (morte de áreas do fígado) e para o carcinoma hepatocelular (câncer do fígado).

TRATAMENTO

Não existe uma terapia específica para o fígado com excesso de gordura. Sua abordagem é feita de acordo com suas causas, que quando tratadas, pode zerar o “excesso” de gordura intra-hepática. Está vinculada, portanto, às mudanças comportamentais: estilo de vida saudável, alimentação equilibrada (perda de peso) e prática regular de exercícios físicos.

MEDICAMENTOS

Não há medicamentos específicos para a esteatese e doença hepática gordurosa não alcoólica, embora vários tenham sido estudados, como tiazolidinedionas, metformina, agentes hipolipemiantes e antioxidantes, os quais não apresentaram resultado positivo, além de poderem acarretar efeitos colaterais.

FITOTERÁPICOS

Até o momento, a única exceção positiva entre os fármacos é um fitoterápico, a silimarina (SIL), com eficácia comprovada em vários estudos, in vitro e in vivo.

FRASE DA SEMANA

O objetivo do médico é fazer o bem, até mesmo para nossos inimigos”

Rhazes (854-925 d.C.), médico e polímata árabe

CURIOSIDADE DA SEMANA

Sherlock Holmes e o cirurgião Joseph Bell

Benjamin Bell (1749-1842), foi um destacado cirurgião de Edimburgo que deu origem a uma prestigiosa tradição cirúrgica familiar que perdurou até o século XX, com os filhos George e Joseph, seu neto Benjamin e seu bisneto Joseph. Todos se tornaram cirurgiões importantes. No entanto, seu bisneto Joseph Bell (1837-1911), ficou famoso não somente como cirurgião e presidente do Edinburgh College, mas porque serviu de inspiração para o personagem de ficção do escritor Conan Doyle, o Dr. John H. Watson, amigo do detetive Sherlock Holmes.

*Flávio Antonio Quilici, médico e escritor, mantém coluna semanal no jornal Correio Popular – Campinas. Na Academia Cristã de Letras – ACL, ocupa a cadeira nº 04.