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  • Fonte: Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

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Em maio passado, o ex-presidente Bolsonaro esteve hospitalizado durante uma semana para tratamento de uma enfermidade, a erisipela.

O QUE É ERISIPELA?
É um processo infeccioso da pele, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, entretanto, é mais comum nos diabéticos, obesos e nos portadores de deficiência da vascularização.

ONDE OCORRE?
Normalmente, as lesões da erisipela aparecem mais nas pernas e nos pés (membros inferiores), embora possam surgir também na face.

CAUSAS
A erisipela, frequentemente, é causada por um tipo comum de bactéria, o estreptococo, que habitualmente fica na nossa pele. Toda vez que a pele se rompe, a bactéria pode penetrar e provocar uma infecção superficial, que rapidamente afeta os vasos linfáticos e a gordura existentes na camada profunda da pele, denominada de subcutâneo. Essa celulite, em geral, começa com um traumatismo muito pequeno, como uma picada de inseto, frieiras, micoses de unha, sem causar incomodo.

CARACTERÍSTICAS
A celulite (infecção da pele) é sua principal característica. Ela tem limites bem precisos, ou seja, forma-se uma placa avermelhada com bordas bem nítidas que vai avançando e diferenciando-se da pele normal.

SINTOMAS DA ERISIPELA
Os primeiros sintomas instalam-se precocemente, e são febre alta, tremores, mal-estar, e até náuseas e vômitos. A lesão na pele é brilhante e vem acompanhada de dor, rubor (vermelhidão), edema (inchaço), chegando, em alguns casos, a formar bolhas ou feridas que indicam piora da infecção.

EVOLUÇÃO
A celulite instala-se, em média, entre três e sete dias. Na maioria dos pacientes, é possível determinar por onde a bactéria penetrou.

FATORES DE RISCO
Algumas condições facilitam a infecção, como pacientes com diabetes descompensado (é o principal fator), pessoas com excesso de peso, com insuficiência vascular nos membros inferiores, cardiopatas e nefropatas, com baixa imunidade ou com doenças crônicas debilitantes. Os mais vulneráveis são os imunossuprimidos submetidos a longos tratamentos ou com doenças crônicas muito debilitantes.

DIAGNÓSTICO DE ERISIPELA
O diagnóstico é essencialmente clínico (não necessitam de exames complementares). Às vezes, pode-se recorrer à biópsia e ao exame de cultura para identificar a bactéria.

TRATAMENTO
Na fase inicial da doença, utiliza-se antibióticos orais, repouso e elevação do membro afetado, por pelo menos duas semanas. A melhora ocorre, em cerca de 4 dias, dependendo do paciente estar em boas condições físicas. A cura é mais rápida quando se ministra a penicilina por via intramuscular (injetável), porém, ela somente poderá ser aplicada em prontos-socorros ou hospitais.
Em pacientes de risco, o uso dos antibióticos poderá necessitar de serem repetidos, periodicamente, para evitar as erisipelas de repetição. Elas têm o risco de transformar-se num problema grave de saúde, como o da septicemia (infecção generalizada).

COMPLICAÇÕES DA ERISIPELA
Ocorrem em pessoas com erisipelas de repetição, as quais vão se tornando cada vez mais sérias e difíceis de tratar. Ocorrem, em geral, nos obesos, em pacientes com úlceras nos membros inferiores, hipertensos, cardiopatas descompensados, em diabéticos.

COMO PREVENIR ERISIPELA
• Tente manter o peso nos limites recomendados para sua altura e idade;
• Siga rigorosamente o tratamento médico prescrito para evitar as crises de repetição;
• Enxugue bem os vãos entre os dedos dos pés para evitar a proliferação de fungos porque podem provocar lesões por onde penetrará a bactéria;
• Lembre-se que o portador de diabetes, esteja a doença compensada ou não, pode perder parte da sensibilidade nos pés, o que os torna mais suscetíveis a ferimentos e infecções pelo estreptococo.;
• Quando indicado, use meias elásticas para reduzir o edema das pernas;
• Não se automedique. Ao perceber esses sintomas, procure assistência médica para diagnóstico e tratamento.

FRASE DA SEMANA
“O ócio e a falta de ocupação arrastam a pessoa para o mal” Hipócrates (460-377 a.C.) Pai de Medicina Ocidental

CURIOSIDADE DA SEMANA
A penicilina e a morte que não ocorreu
Alexander Fleming (1881-1955) ao identificar fungo Penicillium, descobriu a penicilina, uma das maiores conquistas, não só da medicina, mas da humanidade. Após Howard W. Florey, médico australiano, e o bioquímico Ernst B. Chain, imigrante judeu russo-alemão, refinaram esse potente antibiótico e os grandes laboratórios farmacêuticos iniciaram sua produção industrial em larga escala. A penicilina teve imenso impacto no tratamento das doenças infecciosas. Em 1942, pela primeira vez na história humana, a utilização da penicilina impediu uma morte certa: a de Anne Miller, enfermeira de Nova York, com 33 anos. Ela sofreu um aborto e desenvolveu uma septicemia (infecção generalizada) estreptocócica, que a deixou à beira da morte. Pela fatalidade de seu quadro clínico, os médicos pediram permissão à família para uma medida drástica, numa tentativa de salvar sua vida. Queriam testar um novo medicamento, nunca utilizado para tratamento de seres humanos. Era a penicilina. Miller estava com febre alta havia um mês quando numa tarde de 1942, recebeu a injeção intravenosa do remédio. No início da noite, sua febre já havia baixado e sua doença estabilizara-se e, em alguns dias, estava plenamente curada e sua vida foi a primeira a ser salva pela penicilina. Ela morreu aos 90 anos, tendo vivido 57 anos a mais do que era previsto.

*Flávio Antonio Quilici, médico e escritor, mantém com a filha Lisandra M Quilici, coluna semanal no Correio Popular – Campinas, aqui reproduzida. Ele ocupa a cadeira 04 da Academia Cristã de Letras - ACL