Pensei que somente este escriba lembrasse da revista em quadrinhos distribuída aos estudantes do curso ginasial, contando a história do Brasil até o Grito do Ipiranga, durante as comemorações do sesquicentenário da independência, em 1972. Eis que, no entanto, navegando pela internet, deparei com um artigo assinado por Luiz Santiago, no Portal Plano Crítico, no qual algumas imagens dessa publicação impressa, foram resgatadas e isso nos deixou imensamente felizes, porque na época, com apenas 14 anos, a publicação de cunho didático feita pela Editora Brasil-América, conquistou a garotada acostumada em ler histórias em quadrinhos.
Com texto e roteiro de Pedro Anísio e ilustrações do excelente e pouco lembrado cartunista, Eugênio Colonnese, a saga colocava Dom Pedro I, no topo entre os heróis da Pátria. Guardei comigo durante anos um desses exemplares entregues gratuitamente nas escolas públicas, mas com o passar do tempo a publicação desapareceu. Afinal, já se passaram cinco décadas.
Claro que havia toda uma abordagem política por trás daquilo, vivíamos os anos de chumbo, do Brasil Ame-o ou Deixe-o, sob a vigência do AI-5, mas como havia censura, nada chegava até nós, ginasianos, do Ipiranga, bairro onde cresci, quase ao lado do museu e do Parque da Independência.
O que nos despertava a atenção eram os desenhos, porque as histórias em quadrinhos proporcionavam aos adolescentes, dos anos 1970, uma viagem lúdica na qual, em cada estampa, se imaginava a cena seguinte e isto deixava a nós todos, meninos e meninas, fascinados.
Em 1972, os ídolos da Editora Brasil-América, Super-Homem e Batman, entre outros, deram lugar a Tiradentes e Dom João VI, para culminar na linda estampa de Dom Pedro, pintada pelo artista Eugênio Colonnese, como a dar vida para o texto bem-escrito, de Pedro Anísio. Ainda hoje, defendo a importância de se reforçar a educação para os estudantes, através de imagens, não só pelo dinamismo dos quadrinhos, mas pelas novas mídias surgidas a partir dos meios digitais.
Se algum dos nossos leitores, confrades ou confreiras da nossa querida Academia Cristã de Letras – ACL, encontrar em algum sebo ou gibiteca, a Independência do Brasil em Quadrinhos, terá nas mãos um documento de leitura obrigatória para sociólogos, historiadores e entusiastas das HQs do mundo todo. Com essa postagem, encerro minha série de artigos no Portal ACL sobre os 200 anos da Independência do Brasil.
Veja abaixo outros símbolos que marcaram a passagem do sesquicentenário.
Serviço: A Independência do Brasil em Quadrinhos (Brasil, 1972)
Texto e Roteiro: Pedro Anísio
Desenhos: Eugênio Colonnese
Editora: Brasil-América Ltda./Rio de Janeiro
Editor – Chefe: Adolfo Aizen (O Pai dos Quadrinhos no Brasil)
Geraldo Nunes, jornalista e escritor, é titular da cadeira 27 da Academia Cristã de Letras - ACL