Em 28 de Julho de 2015, tendo em vista o Dia Nacional do Escritor, fui convidada pelo meu amigo Pedro Rodrigues, ex-superintendente da Distrital Sudeste da Associação Comercial de São Paulo, para falar sobre o tema: É O Escritor Um Formador de Opinião? , no Rotary Saúde.
O Dia Nacional do Escritor foi instituído no Brasil, em 1960, pelo então presidente da UBE - Ordem Nacional dos Escritores, João Peregrino Júnior, sendo seu vice, o escritor Jorge Amado. Tal se deu para prestigiar autores da literatura brasileira e incentivar a leitura das obras de nossos escritores.
Confesso que desconhecia a data. Fui pega de surpresa. Relutante e preocupada, aceitei.
Nesse mundo da escrita estou há pouco mais de uma década. Escrevi alguns livros de poesia. Um de contos. E, por último (2018), um de crônicas e artigos. Tenho outros no prelo, inclusive, um deles, de poesia, já para este ano (2020).
Escrever é um vício. Um vício bom, prazeroso que nos envolve, nos engolfa, criando vários mundos de plena realização!
A imaginação é força criadora, poderosa. Tanto nos faz subir ao céu, como descer ao inferno de nossos mais íntimos e desconhecidos pensamentos.
Com a caneta, somos poderosos! Digo caneta, pois, ter em mãos uma caneta, é algo fantástico! Indescritível! Pura magia de poder verter para o papel sua criatividade!
Hoje em dia, aquela foi substituída pela tecla do computador ou, até, do tablet. Deste, pouco sei.
Em meus Projetos de Poesia Pela Paz e Poesia Cívica, do Conselho Cívico e Cultural da ACSP, hoje, denominado COCCID (Comitê Cívico e de Cidadania), do qual sou membro, como secretária, costumo dizer que se colocarmos a caneta nas mãos de nossas crianças e dos jovens, teremos menos problemas sociais: como roubar, matar e drogar-se...
Neste sentido, tenho também um antigo Projeto de levar a Poesia aos Presídios...
Se é certo o velho adágio popular: cabeça vazia, oficina do diabo, não menos certo é que, quem escreve, quem se vale de sua imaginação para bordar letras no papel ou, como queiram, nos tempos atuais, no COMPUTADOR, saibam que o TEMPO é amplamente preenchido, ocupado, de tal sorte que: quanto mais se escreve, mais se quer escrever. Não sobra tempo para quase nada. É um mundo à parte de descobertas fantásticas!
O Tema para aludida palestra foi: É o Escritor Um Formador de Opinião?
Se retroagirmos no tempo, quando tudo começou com Gutenberg, no inicio do século XV, com a invenção da imprensa, teremos um longo caminho por onde pontearam ESCRITORES que mudaram a história do mundo, da humanidade! Quer com seus escritos científicos, poéticos, filosóficos, sociológicos, históricos. Não importa a área. Importa é escrever com responsabilidade, passar sua ideia, seu pensamento, para o papel, para a tela do computador, do Facebook, Tablet, Whatsapp...
PORÉM, quanto a estes, devo dizer que: TODO cuidado é pouco! Não se deixem levar por tudo quanto há na INTERNET. NÃO se exponham demais! NÃO se deixem levar por tais modismos, em detrimento do saber escrever, falar corretamente nosso idioma. NÃO se deixem levar pelo Internetês, conforme meu Padrinho e Confrade na Academia Cristã de Letras, J. B. Oliveira.
Bem sabemos que os escritores brasileiros muito contribuíram para a disseminação de conhecimentos sobre os nossos estados e a linguagem típica de certas regiões.
Passamos por diversos períodos literários em nosso país. Contudo, há que se ressaltar que após a nossa Independência (1822), no primeiro período literário, (Romantismo), ocorreu a nossa libertação da literatura portuguesa, quando, então, passamos a ter literatura própria, ou seja, com suas características temáticas.
Peregrinar pelas nossas Escolas Literárias, com suas subdivisões, características, períodos, desde seu inicio, o Romantismo, depois pelo Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e Pós Modernismo é, eu diria, uma viagem de trem belíssima, onde cada estação está repleta de excelentes literatos nacionais com projeção internacional como Clarice Lispector, Machado de Assis, Mario de Andrade, Guimarães Rosa, entre outros.!
Como poeta, assinalo que o inicio de nossa literatura (Romantismo) ocorreu com a publicação de um livro de poesias de Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811/1882) intitulado: Suspiros Poéticos e Saudades (1836).
Cito uma estrofe desta obra:
Enquanto estás sobre a terra,
Como no exílio está o proscrito,
Canta como ele, que o canto
Refrigera o peito aflito.
Temos, pois, a poesia à frente na abertura de nossa identidade literária, como aconteceu desde os primórdios da história, onde aquela pairou sobranceira como forma de expressão. Já ao tempo dos Versificadores, os salmos e cânticos bíblicos foram traduzidos em versos. Através de versos as ideias são melhores assimiladas. Conseguimos memorizar e aprender melhor.
Anchieta, no século XVI, ao tempo da literatura jesuítica, ensinava aos indígenas através de versos que escrevia na areia.
Quando se busca pelo significado da palavra Escritor, temos: 1. Escritor aquele que escreve. 2. Autor de obras literárias, culturais, científicas, etc.
Quanto a Formador de Opinião, temos “é a pessoa que tem a capacidade de influenciar e modificar a opinião de outras pessoas nos campos politico, social, moral, cultural, entre outros”.
Com estas breves considerações, deixo o tema em aberto, a critério de cada cidadão, para que decidam, lembrando do quão importante é nos valermos de nosso SENSO CRÍTICO, saber DISCENIR e ESCOLHER, pois:
“Aquele que aprende, mas não pensa, está perdido. Aquele que pensa, mas não aprende, está em grande perigo.” (Platão).
“O ignorante afirma, o sábio dúvida, o sensato reflete”. (Aristóteles).
Frances de Azevedo - Secretária da ACL - Cadeira 39