Crédito Foto: Gabriel Gonsalves
“Se alguém é cristão, é criatura nova” (2Cor 5,17)
A canonização de Carlo Acutis, que viveu na simplicidade, por apenas 15 anos, vem nos mostrar que a santidade não é uma realidade utópica, ela está ao alcance de todos. Semelhante a ele devem existir muitos e muitos pelo mundo na busca da perfeição do Reino de Deus. Jovens à procura do bem, da verdade, do amor, da paz e da alegria.
A liderança deste jovem não serviu para consentir ou justificar nossas debilidades. Pelo contrário, sua vida nos encaminha para a Sagrada Eucaristia, como ponto de chegada e de partida para o dinamismo sacramental; para o amor à Virgem Santíssima (com notável atenção à prática do Rosário), modelo de pureza e de integridade do corpo e do espírito; para a aplicação à vida de estudos e busca da sabedoria; para a vida missionária, navegando pelos mares dos meios de comunicação digital. Teve a felicidade de receber a Fé dentro de sua família, por isso certamente soube valorizar a família e desejar transmitir a Fé a quem não a tinha.
Seria ótimo se todos trabalhássemos para que este jovem santo seja conhecido e amado, além dos católicos, também pelos que estão afastados da Igreja, ou pelos que têm dificuldade de crer por causa de nossas contradições e testemunhos duvidosos, pelos que buscam a Deus com um coração sincero, pelos que receberam uma educação cristã e se afastaram após a primeira Eucaristia.
Carlo, apesar de tão pouca idade, foi de sensível exigência consigo mesmo. Correspondeu ao chamado de Deus, especialmente num mundo onde tantos jovens correm o risco de passar ao largo dos valores (e se são valores, hão de ser cristãos, pelos misteriosos caminhos da Providência Divina).
A Igreja é enriquecida por este exemplo luminoso. Não descuidemos deste tesouro que ela nos dá, convidando-nos a sermos sempre jovens, perseverantes e fortes na Fé, na Esperança e no Amor.
Esta canonização faz repercutir em nossa mente as palavras de Jesus ao jovem que queria a perfeição do Reino de Deus: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me” (Mt 19,21; cf. Mc 10,23; Lc, 18,24).
Ressoa também a voz de Mestre ao filho falecido de uma viúva: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te” (Lc 7,14). A juventude não é para ser carregada, ela tem força, energia que deve ser despertada. Jovem não é apenas uma faixa etária, é um ministério. Charles Péguy (1873-1914), o poeta da esperança, ensinou: “Os jovens são profetas por natureza, sendo o que será”. Os jovens não são somente expectativa, são antecipação do futuro, estão a nos recordar permanentemente que a Igreja, alicerçada no Espírito Santo, deve ser sempre fonte de rejuvenescimento (cf Ap 21,5). E São João arremata, na sua 1ª Carta (2,14): “Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a Palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno”.
(*) Jornalista profissional e professor de Filosofia, membro da Academia Cristã de Letras.