Nas comemorações dos primeiros 100 anos do Rádio no Brasil, contamos que oficialmente, a primeira transmissão radiofônica em nosso país, aconteceu durante as comemorações do Centenário da Independência, em 7 de setembro de 1922.
Depois, em 20 de abril de 1923, surgiu a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, graças ao empenho do médico e amante das comunicações, Edgard Roquette Pinto.
Na capital paulista, o Rádio surgiu no dia 30 de novembro de 1923, quando foi ao ar pela primeira vez, a Rádio Sociedade Educadora Paulista, sob o prefixo PRA-E.
A iniciativa partiu também de abnegados amantes da tecnologia: os engenheiros Leonardo Jones Jr, Otávio Ferraz Sampaio, George Corbisier, Luiz Ferraz de Mesquita, além do industrial Francisco Matarazzo e o comerciante Luiz do Amaral César.
Como presidente da rádio, os sócios escolheram Heribaldo Siciliano, por ser este, um entusiasta na busca de inovações.
O primeiro programa levado ao ar, foi transmitido de um estúdio no Palácio das Indústrias e contou com a participação do cantor Paraguaçu, muito conhecido na época.
Pouco depois, a emissora mudou de endereço e foi para a Rua Carlos Sampaio, entre a Cincinato Braga e a Treze de Maio, onde instalou no mesmo terreno, uma torre de 47 metros para irradiar as ondas de um transmissor, cuja potência atingia mil watts.
A Educadora Paulista funcionava em regime de sociedade civil, ou seja, ninguém da diretoria era remunerado, apenas os funcionários recebiam salários.
Aos poucos foram surgindo os primeiros anúncios comerciais, até que, em 21 de janeiro de 1931, pelo decreto lei 21.111, surgiu a primeira legislação que regulamentou a transmissão de anúncios comerciais pelas emissoras de rádio no Brasil todo.
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Por inúmeras vezes entrevistei Nicolau Tuma, nascido em 19 de janeiro de 1911, uma das primeiras vozes da Educadora Paulista.
Entre outras atividades, Tuma narrava futebol, função na qual ficou conhecido como “Speaker Metralhadora”. Foi ele quem introduziu a narração veloz de partida de futebol.
Tuma fez escola para outros narradores esportivos, além de ter sido o inventor da palavra radialista.
Na língua portuguesa esta palavra não existia, em Portugal por exemplo, o termo empregado era radista.
Na reunião inaugural da Associação Brasileira de Rádio, Nicolau Tuma sugeriu que empregassem nos estatutos da entidade a palavra radialista.
“Muito mais bonita e fácil de pronunciar, minha sugestão foi acatada de maneira unânime e se tornou o símbolo da profissão”, explicou o veterano mestre, que nos deixou, em 11 de fevereiro de 2006.
Dele, herdei a cadeira número 7, na Academia Paulista de Jornalismo, cujo patrono, é José Maria Lisboa outro pioneiro nas comunicações por ter fundado em 1884, o jornal Diário Popular, de saudosa memória.