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  • Fonte: Helio Begliomini

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Helio Begliomini1

 

Dentre os 17 presidentes que a Academia Cristã de Letras teve em seus 56 anos de existência (1967-2023), não tenho dúvida de que um dos mais profícuos e que mais tenha deixado marcas em sua longa administração tenha sido Alcindo Brito.

Ele era fluminense, natural de Macaé, cidade litorânea situada a 190 quilômetros a nordeste da cidade do Rio de Janeiro. Estudou em Itacoara, pequeno município do noroeste desse estado e, posteriormente, graduou-se em filosofia e psicologia, radicando-se na cidade de São Paulo.

Alcindo Brito atuou como corretor de seguros e foi um ardoroso defensor do esperanto desde 1934. Aliás, foi cofundador do São Paulo Esperanto Club, em 1937, bem como atuou como representante dessa entidade durante os primeiros anos, continuando até o 11o Congresso Brasileiro de Esperanto realizado em 1947.

Em 1939, a revista “Propaganda” pedia a opinião de empresários brasileiros sobre a II Guerra Mundial, que havia começado. De todas as pessoas a serem entrevistadas, apenas ele antecipou a importância desse triste acontecimento.

Alcindo Brito era capitalista liberal e, em 1950, foi um dos representantes do Brasil na Conferência Hemisférica de Seguros em Santiago do Chile, ocasião em que defendeu o afastamento do Estado da atividade econômica, principalmente, em relação aos seguros. Em 1951 tornou-se um dos fundadores da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização.

Também atuou como jornalista e publicou diversos artigos em jornais e revistas, dentre os periódicos citam-se: “Paratodos” e “Correio da Manhã”. Igualmente, são de sua autoria os livros: Antologia do Esperanto; Coisas e Gente da Velha Macaé; O Feiticismo do Olhar (1971); Recepção de Alcindo Brito na Academia Cristã de Letras (1972); Neuróticos e Desajustados (1973); e Psicanálise de Consultório – Neuróticos Desajustados (1973).

Alcindo Brito foi membro de diversas instituições, dentre as quais: Instituto Genealógico Brasileiro; Angélica Academia Constantina de Letras, Ciências e Artes; Associação Paulista de Imprensa: União Cultural Brasil-Estados Unidos; Rotary Clube de São Paulo; Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; e Instituto Paulista de Psicanálise.

Foi também o fundador da cadeira no 17 da ínclita Academia Cristã de Letras. Ingressou nesse sodalício em 11 de agosto de 1972, e escolheu para ser o patrono de sua cadeira o jurista, historiador e político José Carlos de Macedo Soares (1883-1968), que foi o quarto ocupante da cadeira no 12 da ínclita Academia Brasileira de Letras, bem como seu presidente (1942-1943).

Alcindo Brito teve a honra de ter sido o terceiro presidente da Academia Cristã de Letras, exercendo seu mandato de forma ininterrupta durante oito anos e nove meses, precisamente, de 1974 até 12 de outubro de 1982, quando veio a falecer no exercício da presidência. Aliás, foi o único presidente que faleceu no exercício de suas funções e que teve o mais longo mandato da história desse sodalício, ficando à frente por alguns meses do acadêmico Paulo Nathanael Pereira de Souza, que comandou a entidade por oito anos e seis meses (2006-2011; 2014-2015; e julho a dezembro de 2019).

Está consignado no Evangelho de São Lucas (6,43-44) o seguinte pensamento de Jesus aos seus discípulos: “Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos”.

Assim, pode-se asseverar que os frutos oriundos da administração de Alcindo Brito na Academia Cristã de Letras foram não somente notórios, mas, alguns deles, perenes. Dentre os diversos feitos e empreendimentos que foram realizados em sua gestão têm-se:

1. Eleição e posse de vários membros titulares, preenchendo diversas cadeiras vacantes;

2. Proclamação de São Francisco de Assis como Patrono da Academia Cristã de Letras, em 5 de abril de 1974;

3. Obtenção do Certificado de Utilidade Pública Municipal, através do Decreto no 10.909, de 1o de maio de1974, assinado pelo prefeito Miguel Colassuono (1939-2013);

4. Obtenção do Certificado de Utilidade Pública Estadual através da Proposta da Lei no 1.163, de autoria da deputada Dulce Salles Cunha Braga (1924-2008), que foi aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador do estado Paulo Egydio Martins (1928-2021), em 11 de novembro de 1976;

5. Elaboração do Estatuto de 1976 e o Regimento Interno;

6. Aprovação para se criar um Emblema da Academia Cristã de Letras, em 17 de junho de 1977;

7. Obtenção de um Carimbo Postal e Selo emitidos pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos com o Emblema da Academia Cristã de Letras, utilizado em 4 de outubro de 1977;

8. Obtenção, sem ônus, de um sobrado como sede própria, localizado na Rua Dr. Carvalho de Mendonça, no 203, nos Campos Elíseos. Para tal, em Assembleia Geral Extraordinária realizada em 5 de julho de 1979, Alcindo Brito deu o voto de Minerva a favor do imóvel, cuja escritura foi passada em 28 de fevereiro de 1980;

9. Aprovação para se criar uma Medalha Acadêmica, que foi entregue aos membros, em 21 de setembro de 1979;

10. Doação, em novembro de 1980, de um Quadro Pintado a Óleo de São Francisco de Assis, pela artista plástica Maria Aparecida Vergueiro (“Zy van Langendonck”);

11. Início da publicação da Revista da Academia Cristã de Letras (1980); e

12. Início da publicação de um opúsculo com Relatório Anual Administrativo (1981).

Os méritos e reconhecimentos pelos feitos de Alcindo Brito encontram-se além dos limites da Academia Cristã de Letras. Seu nome é reverenciado e honrado post-mortem na Rua Alcindo Brito, no bairro City América, na zona noroeste da cidade de São Paulo.

1 Segundo ocupante da cadeira no 10 da Academia Cristã de Letras sob a patronímica de Marie Barbe Antoinette Rutgeerts van Langendonck e presidente desse sodalício (2020-2021 e 2022-2023).