O 9 de julho marca o início da Revolução Constitucionalista de 1932. É preciso refletir sobre a atualidade do Movimento de 1932. Costuma-se indagar o que o estado de São Paulo perdeu na Revolução Constitucionalista. Depende do conceito de perda ou de ganho. Se partirmos do princípio que a Revolução teve por objetivo somente a luta pelo Estado democrático de direito, São Paulo foi o grande vencedor.
A Revolução de 1932 teve o apoio de amplos setores da sociedade paulista. Participaram, com espírito cívico, intelectuais industriais, comerciantes, operários, estudantes, além de políticos ligados à Velha República. O foco era um só: a luta anti ditatorial.
Dos preciosos documentos relacionados com a Revolução, vale a pena destacar o manifesto do povo brasileiro, subscrito, entre outros, por: dom Duarte Leopoldo, arcebispo metropolitano de São Paulo, monsenhor Gastão Liberal Pinto, vigário-geral; José Maria Whitaker, diretor do Banco Comercial de São Paulo; Francisco Pais Leme de a Monlevade, diretor da Estrada de Ferro Sorocabana; Guilherme de Almeida, da Academia Brasileira de Letras; Cantídio de Moura Campos; Antonio de Almeida Prado; Antonio Carlos Pacheco e Silva, professores da Faculdade de Medicina; Teodoro Ramos, da Escola Politécnica; José Aires Neto, da .anta Casa de Misericórdia de São Paulo; Plínio Barreto, presidente *do Instituto dos Advogados, ministro Costa Manso, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo; Samuel Ribeiro, engenheiro; Fábio da Silva Prado, industrial.
Esse documento, datado de 13 de julho de 1932, concitava os brasileiros: Respeitemos-nos uns aos outros. São Paulo levantou-se em armas pela lei, pelo nosso estremecido Brasil. Brasileiros nascidos em São Paulo, brasileiros de todo o Brasil, assim como a espada se curvou perante a lei, curvemo-nos uns aos outros pelo Brasil, unido e forte, dentro da mesma lei. Brasileiro, ouvi o grito de nossa estremecida e angustiada Pátria que nos chama. Não permitais que a confusão provocada-por algum interessado nos separe. A Constituição nos unirá a todos e um novo Brasil unido vencerá.
Vale a pena relembrar e homenagear os quatro primeiros heróis de 32 (MMDC): Antonio Américo Camargo de Andrade (C), paulistano, nasceu em 3 de dezembro de 1901, Foi baleado mortalmente em plena Praça da República quando participava e apoiava o movimento dos paulistas pela defesa dos princípios democráticos.
Euclides Bueno Miragaia (M), paulista, de São José dos Campos, nasceu em 21 de abril de 1911, Estudou na Escola de Comércio Carlos de Carvalho e trabalhou com seu tio como auxiliar de cartório. Encontrava- se na Praça da República, em 23 de maio de 1932, apoiando o movimento. Foi abatido a tiros pelas forças da repressão, no levante
dos paulistas contra o governo provisório de Getúlio Vargas. .
Mario Martins de Almeida (M), nascido na cidade de São Manuel, em 8 de fevereiro de 1901. Fez seus estudos de ensino médio no Colégio Mackenzie. Em 23 de maio de 1932, encontrava-se na Praça da República exercendo seu direito de cidadania quando eclodiu o conflito. Foi morto pelas forças de repressão.
Dráusio Marcondes de Souza (D), filho de um farmacêutico, com apenas 14 anos, participou da manifestação ocorrida em São Paulo, na Praça da República, em 23 de maio de 1932. Foi ferido a tiros. Apesar dos cuidados que recebeu, acabou falecendo em 28 de maio. Foram essas suas últimas palavras: “Eu estava destinado para este sacrifício. Se mil vidas tivesse, todas elas daria pela nobre causa da libertação da terra que me viu nascer”.
Reverenciemos todos os que participaram deste histórico movimento e, principalmente, os que tombaram na frente da batalha. Eles não morreram à toa por São Paulo, pois clamaram por legalidade e liberdade. A luta e os ideais do Movimento Constitucionalista de 1932 não foram em vão. A data de 9 de julho não pode desaparecer do calendário dos que amam a liberdade.