O termo Academia tem origem na palavra grega “akademia” (referente ao jardim de Akademos), um lugar em Atenas, na Grécia Antiga, onde Platão (427a.C.–347a.C.), considerado um dos principais pensadores da história da filosofia, costumava instruir seus discípulos. Inspiradas na Academia de Platão, como um lugar de debates de ideias, surgiram diversas instituições de estudos literários, filosóficos e outros. Mas foi na França, em 1635, que o termo Academia ressurgiu com relevância, quando o Cardeal Richelieu fundou a Academia Francesa.
Assim como o florescimento das ciências e das artes representavam a glória de uma nação, a linguagem e as armas deveriam representar a sua honra. Com esta concepção, e composta por homens letrados, representantes das mais diversas profissões, a Academia Francesa recebeu a missão de constituir, com sabedoria e economia, uma linguagem que tivesse clareza e elegância, mas que aproximasse a língua escrita da língua falada e fosse acessível a todos, não apenas aos especialistas e eruditos. Entre os objetivos a serem alcançados estava a composição de um dicionário e obras de gramática, retórica e poética, editadas de acordo com as novas regras ortográficas, que deveriam ser seguidas a partir de então.
Ao longo dos séculos de sua existência, a Academia Francesa vem incentivando a cultura literária, nas suas mais variadas expressões e distribuindo dezenas de prêmios anuais. Entre os maiores prêmios de Literatura estão os de Romance, Teatro, Poesia, História, Ensaios, Crítica. Além do incentivo à cultura literária dos países de língua francesa, esta prestigiosa entidade tem inspirado a criação de Academias Literárias pelo mundo inteiro. No Brasil, dos dias atuais, existem centenas de Academias Literárias.
As mais importantes no cenário nacional são: A Academia Brasileira de Letras, criada em 20 de julho de1897, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Machado de Assis foi seu primeiro presidente. Nas palavras do Acadêmico Josué Montello, presidente da ABL nos anos 1994 e 1995, Machado de Assis foi o principal responsável pela sobrevivência e prestígio desta entidade, que é também um patrimônio de nossa vida cultural. E a Academia Paulista de Letras, criada em 27 de novembro de 1909, com sede na cidade de São Paulo. Seu primeiro presidente foi Brasílio Machado.
Tracei este breve histórico para chegar às duas Academias nas quais tenho a honra de participar como acadêmica: a Academia Cristã de Letras, fundada em 14 de abril de 1967, com sede na cidade de São Paulo. Benedicto Rodrigues Aranha foi seu primeiro presidente. E a Academia Linense de Letras, fundada em 22 de agosto de 2009 na calorosa e hospitaleira cidade de Lins. Seu fundador e primeiro presidente foi o ilustre e saudoso Professor Adolfo Lemes Gilioli, homem de muitos méritos e notável sabedoria. Depois de destacar-se na vida cultural e conquistar muitos títulos e prêmios na cidade de São Paulo, onde morou, ele realizou seu mais belo sonho: criar a Academia de Letras na cidade de Lins, sua terra natal.
A substituta de Adolfo Lemes Gilioli na presidência da Academia Linense de Letras é a ilustre Professora Silvani Daruiz, que não mede esforços para engrandecer nossa academia e edificar a Cultura das Letras, consolidando a qualidade de nossa língua na cidade de Lins e região. Com a colaboração dos demais acadêmicos, entre eles a admirável vice-presidente, a musicista Lais Rosa Pacini, que abriga a sede da ALL em sua Casa da Música, Silvani Daruiz, tem se destacado na defesa de nosso patrimônio linguístico, através da promoção e incentivo de atividades literárias e artísticas: saraus, concursos, encontros e outros eventos literários que movimentaram a cidade de Lins ao longo desses 10 anos! Parabéns a todos!
As atividades das Academias estão profundamente ligadas à Cultura, à língua e linguagem, às artes e ciências em geral. Preservar o patrimônio literário nacional é uma das principais funções de uma Academia de Letras, assim como estudar e desenvolver a cultura, a língua e a linguagem regional. As Academias promovem o saber e o conhecimento que dignificam a vida, os valores que enobrecem o ser humano e enriquecem as relações sociais. Em uma academia, as pessoas se reúnem para trocar ideias que estimulam o desenvolvimento de novas maneiras de pensar, ver e viver a vida. Essas reuniões ajudam a florescer os sentimentos de amizade, respeito, generosidade, gratidão e outros, que muito alegram o coração e o espírito.
Com esse convívio mais elevado e refletindo sobre questões como o bem, a beleza, a justiça e a verdade, nós, seres humanos que almejamos a paz e a felicidade, procuramos resgatar os valores do espírito. Procuramos priorizar aquilo que é realmente importante em nossas vidas e assim superar o sofrimento, os conflitos e as dificuldades que encontramos ao longo de nossa existência. Procuramos minimizar os efeitos negativos de certos seguimentos da sociedade e da mídia, que atuam no sentido de sujeitar os indivíduos às imposições do mercado e da vida meramente material.
No meu entendimento, a missão primordial das Academias, nesse momento histórico em que vivemos, é resgatar os valores morais e espirituais concebidos pelos mais notáveis pensadores e filósofos que a humanidade já teve em seu processo evolutivo e civilizatório. E avançar, no aperfeiçoamento do ser humano, através do seu desenvolvimento intelectual, social e moral.
Rosa Maria Custódio – Cadeira nº 10