Noventa por cento dos brasileiros classificam a saúde – pública ou privada – como péssima, ruim ou regular no Brasil! Essa avaliação é compartilhada por 94% dos que possuem plano de saúde e por 87% dos que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo dados de 2024, apresentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Esses dados refletem a gravidade da saúde em nosso país!
A qualidade do atendimento médico no Brasil é um tema complexo, com variações significativas entre a saúde pública e privada. Apesar do esforço de muitos médicos e de suas associações, como a Associação Médica Brasileira (AMB) e de especialidades médicas, os desafios como a falta de especialistas e a escassez de recursos ainda são uma triste realidade para cerca de 90% dos brasileiros, afetando crucialmente sua qualidade.
A precariedade da saúde no Brasil deve-se sobretudo, às desigualdades na oferta de serviços, escassez de recursos, além das falhas na comunicação entre os órgãos federativos. Como consequência, temos as longas filas de espera, dificuldades no tratamento e falta de ações que foquem na prevenção e atenção primária à saúde.
As principais soluções para melhorar a saúde pública no Brasil, vão desde a prevenção de doenças, passando pela atenção primária e especializada, até a gestão dos recursos e a melhoria do acesso aos serviços. É fundamental investir em educação e conscientização, fortalecer a atenção primária, ampliar a oferta de serviços especializados, modernizar a gestão e o financiamento da saúde, e fortalecer a participação da sociedade.
Na visão equivocada de nossos governantes, o problema é devido à falta de médicos. Isto não procede, pois nunca na história, o país contou com tantos médicos como atualmente. A demografia médica do CFM de 2024 mostra que o Brasil tem 575.930 médicos ativos e atingirá, no final deste ano, o total de 635.000. É um dos maiores índices quantitativos do mundo, numa evolução acelerada.
O número atual resulta em uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, também a maior já registrada, e coloca o Brasil à frente dos Estados Unidos, Japão e China. Contudo, apesar do avanço significativo, esse crescimento acelerado traz importantes preocupações pelas suas implicações na formação dos profissionais e, em especial, da qualidade de assistência a ser oferecida à população.
A realidade é que precisamos fornecer, não somente ao médico, mas a todos os profissionais da saúde em atividade, um plano de carreira e de incentivos, como o desenvolvimento de infraestrutura (laboratórios de análises, raios-x, ultrassons, etc.) para poderem se estabelecer nas áreas desfavorecidas.
Ao mesmo tempo, há a necessidade de garantir a qualidade do ensino médico no Brasil, fator crucial para a qualidade do atendimento médico. O Brasil, em 2024, contava com 389 faculdades de medicina em funcionamento e passará de 400 em 2025.
Este número quase quintuplicou desde 1990, com grande parte do crescimento ocorrendo no setor privado. Nosso país se destaca como o segundo do mundo com mais faculdades de medicina, perdendo apenas para a Índia.
Essa expansão descontrolada de escolas médicas exige atenção, com a necessidade de garantir que a formação seja de qualidade para todos os graduandos. A falta de critérios técnicos mínimos para a formação dos futuros profissionais, afetará sua qualidade, agravando ainda mais, a já precária assistência à maioria da população brasileira.
Devemos incentivar desde a formação de professores até a infraestrutura dos hospitais-escola, passando pela avaliação dos alunos e a promoção de práticas de humanização no atendimento, estimulando programas de residência médica e de especialidades focados no SUS. Ao focar nessas medidas, o Brasil poderá garantir que seus futuros médicos sejam profissionais competentes, preparados para atender às demandas da população com segurança e eficácia.