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  • Fonte: Raquel Naveira

O trem range nos ferros,trem do pantanal d9982
Lento,
Lento,
Animal ferido
Cambaleando aos berros.

Trem de fronteira,
Carregando ponchos,
Pacotes,
Almas
Distraídas pela paisagem:
Camalotes,
Charcos,
Bichos que saltam espavoridos
À passagem do monstro modorrento.

Trem velho,
Cavalo sem relho
No lombo,
Passageiros de olhar embaçado
De lodo,
Tédio
E solidão.

Trem esquálido,
Esqueleto de aço
Chacoalhando
Compondo um réquiem
Para algum pássaro morto nos trilhos.

Trem do Pantanal,
Sacolejando,
Contando casos que ninguém conhece,
Mas que me fazem chorar.

Trem fantasma
Que vem do passado
E vai se diluindo
Na bruma
Com sua carga preciosa
De história e poesia.