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  • Fonte: Lázaro Piunti

Sou o que sobrou.

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Luz sem brilho. Música sem estribilho. A voz perdida no além.
Rastros apagados. Pendores agoniados. De preces sem amém.

 

Sou alma ao relento. A lamúria do vento. Começo sem preâmbulo.
O destino inibido! Coração exaurido! E o pensamento sonâmbulo.

 

Sou a efeméride esquecida! A certeza diluída! A cicatriz do orvalho!
No silêncio oculto! O condenado estulto! Dos caminhos sem atalho!

 

Fiapo de nódoa eu sou. Retalho que sobrou! Do leito desfeito o véu!
Viajante atávico! Peregrino sem viático! A solidão marchando ao léu.

 

Enfim: sou o sem mim. Da dança – fugaz lembrança! Porvir rarefeito!
A vítima inodora. O espírito que chora. Um refém do amor desfeito!