Poema Vencedor do Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, SOBRAMES, realizado em Recife 19 de outubro 2024.
Quisera eu aprender a receitar poesia
pra sanar toda a dor de quem perde o seu ninho.
Aplicar um Drummond pra abrandar a agonia
pela pedra que insiste em ficar no caminho.
Com Cecília poder reabrir a janela
escolher novo sonho e, com calma, inspirar.
Nos espantos da mágoa, Quintana e Florbela.
Na vertigem do dia, um resmungo: Gullar.
Aplacar, com Marina, a aflição passageira.
E “pro” medo do beco, alguns versos de Cora.
Ao prever o desterro, encontrar em Bandeira
o consolo e o respeito pra quem vai embora.
Toda a luz de Bomfim pode ser o começo
pra entender as mensagens de cada Pessoa.
Desvairados teriam, com Mário, sossego.
Com Gonçalves, um canto no exílio ressoa.
Se nos versos de Castro o passado é tão triste,
em Vinicius descobre-se o amor infinito.
Pra tornar esta vida mais leve, Leminski...
Escutar com Bilac as estrelas sorrindo.
No quintal bem maior que este mundo de Barros,
escrever sobre nada eu até poderia.
E se eu sempre receito sorrisos e abraços
por que não aprender a receitar poesia?