Em trinta e dois nosso Estado sucumbiu,
Mas, da esperança, a chama floresceu.
O constitucionalismo derrotado,
Qual Fênix, logo, das cinzas renasceu.
O sagrado direito à liberdade,
Usurpado, fora ferido de morte.
Mas, a oportuna bravura paulista,
De indômito clamor, reverteu sua sorte.
Sóbrias visões de uma nação agrilhoada
E sufocada por cruel saga tirana,
Açoitavam a consciência dos paulistas,
Ainda mais, sem sua Carta Soberana.
O ir e vir logo se viu atrofiado.
Voz jogada nas brumas da profundeza.
Terrível sorte fora imposta ao Brasil,
Sem liberdade – a nossa maior riqueza.
Então, São Paulo, como esteio da nação,
Mobilizou-se e insurgiu-se prontamente.
Ergueu-se em armas contra tudo e contra todos,
Plantando um altar entrincheirado com sua gente.
E, evocando a tradição dos bandeirantes
- Sempre viçosa nos corações paulistas -,
Seguiu impávido à luta, que acreditava
Ser causa justa de morrer de um idealista.
Assim, sob o som da marcha “Paris-Belfort”,
Foi à luta contra as tropas federais.
Forjado da sigla M.M.D.C.,
O movimento explode por ideais.
Explode a revolução do civismo.
Da grandeza superior dos valores
De um povo que sempre quis a pátria livre,
E vibra com a esperança de suas cores.
Mas, apesar da disposição e bravura,
Vergou-se à capitulação e ao armistício.
Noventa dias de tragédias comoventes,
Sem, no entanto, ser em vão o sacrifício.
Semeou uma nova constituição,
Difundindo seus ideais de liberdade.
Trouxe a implantação do voto secreto,
E, às mulheres, o direito de igualdade.
Outro fruto foi a Justiça Eleitoral,
Que consolidou o processo democrático.
Foram conquistas que mudaram o país,
Com regramento de conceitos pragmáticos.
São Paulo, traído, sucumbiu sim às armas,
Mas sua derrota trouxe a vitória moral,
E esta, direitos inalienáveis ao povo...
Máxime à liberdade - luz capital.
É por isso que a Revolução de Trinta e Dois
Deve ser sempre lembrada com orgulho,
Pois ela nos trouxe o despertar cívico
Com a trincheira plantada em mês de julho.
Magnífica alma paulista, que na fé,
Pela democracia, pelejou, sangrou.
Foi grito sufocado daquela epopeia,
Porém, com orgulho, sua bandeira elevou.
Salve a veemência daqueles heróis
Que nasceram do sagrado chão paulista.
Salve essa liberdade entrincheirada
Que, ao futuro desta pátria foi conquista.