Ah! mês de junho!
Mês dos santos festeiros:
Santo Antonio, São João, São Pedro.
Dos bons tempos de outrora - santeiros.
Quão belas recordações,
Que o mês de junho me traz.
Com as lembranças, as palpitações,
Nas reminiscências em maré me leva e traz.
Mês de junho, mês de folguedos:
Treze, vinte e quatro e vinte e nove.
Às vésperas, as festas e seus enredos.
E não há quem desaprove.
A festança na rua envolvia.
Vizinhos congraçavam-se à folia.
Pura diversão e alegres folguedos.
Confraternização ocorria sem medo.
A fogueira crepitante ardia,
E quais os sonhos da gente... fluía.
Fogos estrelavam os céus,
Sobre festivos e vibrantes escarcéus.
No firmamento, bem lá nas alturas,
Muito... muito acima das criaturas,
A revoada de coloridos balões.
Diademas constelares... enlevações!
Também, mensageiros das preces e do louvor
Dos homens a externarem, incisivos, sua fé.
Verdadeiros cristãos, com sua candura e seu fervor.
De coração, eram de bem com a santa-fé.
Enfeitando a rua, as bandeirinhas
Multicoloridas, estendidas entrelinhas.
E, os luzentes pirilampos concorriam
Piscando qual estrelas que alumiam.
Fartura à mesa era fato:
Bolo de fubá, pinhão e paçoca,
Milho verde na brasa, batata-doce e pipoca.
Tinha também, canjica servida no prato.
Doces! haviam para se fartar:
Curau, pamonha, pé-de-moleque;
Torta-de-frutas enormes - feitas em leque -,
Doce de leite, de abóbora... para a gula saciar!
Suco de groselha para as crianças,
E, aos adultos servia-se quentão.
Enquanto todos caiam na dança,
Iam, no chão batido, a catira e o baião.
Entre um frenético pular a fogueira
E as vibrantes e alegres melodias,
Felizes, bailavam as moças faceiras.
Aos olhos dos garbosos moços... alegria.
E os jovens, ardentes em desejo,
Afagos suspirantes ousavam.
Com roubado beijo selavam
Juras de amor benfazejo.
Havia a modinha, cantada no violão;
A cana-verde, pra fazer subir a poeira;
Xote pro sanfoneiro, e também moda-rancheira.
Eta! arrasta-pé pra lá de bom!
Era festança com muita alegria.
Cantadores, sanfona, violão;
Casório da Rosinha com o João
- Coagido, o noivo acedia.
Tudo, tudo, simplesmente, uma loucura!
O espírito das brincadeiras, sublime ventura!
Agitação maior causava o busca-pé...
Quando soltavam, crescia aquele banzé.
Festejo entre famílias - celebração.
Um folgar que era, tão só, inocente agito.
E, somente de alegria ouviam-se os gritos.
Amenas e gentis eram as vozes então.
Sinto saudades de tal singeleza.
Daqueles aromas cheios de encanto.
Das delícias todas que se tinha à mesa.
Do povo risonho em seu acalanto.
Tempos idos. Outros tempos...
Os bons tempos de outrora.
Dos juninos santos da alegria
- Meras lembranças nesta hora!