Bendita sejas São Paulo que acolhe os sonhos dos visitantes e agrega povos distantes, muito além do que pode abrigar.
Na ciência és pioneira, nas artes és vanguarda, desde a Semana Moderna até as instigantes bienais.
Benditas histórias paulistas, registradas nas memórias, nos livros, nas músicas e nas poesias imortais.
Resistindo ao tempo, a esquina de “Sampa” ainda emociona e a “Ronda” de Vanzolini permanece atual.
Enquanto a “Aquarela” de Toquinho alegra as crianças, no “Trem” de Adoniran persiste a esperança de voltar a ser pontual.
Em “Romaria”, Teixeira reúne quem acredita. E eu? Continuo bailando com Rita entre o sonho e o jornal.
As “Máscaras” de Menotti me encantam, a “Desvairada” de Mário me intriga e as “Galáxias” de Haroldo... Bem, essas eu ainda não li.
Mas já recitei Guilherme muitas vezes e até chorei com os versos de Fontes, com a “Difícil Manhã” de Cassiano e com os lindos sonetos de Bomfim.
E mesmo eu, que não entendo de pintura, admiro o modernismo de Tarsila e de Malfatti, e mergulho nas paisagens de Calixto e de Almeida. Parecem feitas para mim.
Em qualquer exposição, a genialidade de Portinari se destaca, mas confesso, com respeitosa graça, que as bandeirinhas de Volpi me fazem sorrir.
Com tantos talentos, bendita sejas São Paulo que nunca adormece e que na agitação do dia a dia consegue driblar a solidão.
E mesmo à noite, o trabalho não cessa. A cultura impera. Os bares convidam para a confraternização.
Cidade que nunca para e, embora envolta em dinheiro, é a fé que te conduz.
E ao cochilar no metrô, tu sabes estar protegida por São Judas, São Bento e Santa Cruz.
Bendita sejas, Terra de Piratininga, com tuas marcantes contradições.
Sempre apressada na lentidão do trânsito, crescimento veloz que assusta, correria paralisada nas reivindicações.
Como aceitar a fome, a mendicância e a apatia se tão exuberante e rica é tua gastronomia?
A natureza pede ajuda, marginais com águas turvas, represas secas em plena enchente... Sim! Há muito por que lutar!
Tu, porém, não esmoreces. És cidade sempre alerta que mantém as portas abertas para quem se achegar.
Por toda a tua beleza, eu transmito, com certeza, o orgulho de ser paulistana e nesta cidade viver...
Cidade que abraça o presente, que segue sempre em frente e alicerça o futuro com trabalho, cultura e lazer.
Quando, enfim, a noite chega, o lar me aconchega e é o meu coração que diz:
Bendita sejas São Paulo que favorece a vitória dos que buscam progredir.
E enaltece a trajetória de quem só deseja a glória de verdadeiramente ser feliz.