Homenagem a Erasmo Carlos por Márcia Etelli Coelho
Sentado, sozinho, à beira do caminho,
recordo um tempo de festas de arromba.
Nas tão jovens tardes de alegres domingos,
tremenda saudade de novo desponta.
A eterna espera em frente ao coqueiro,
as linhas traçadas das cartas de amor.
E mesmo sendo eu, promissor pioneiro,
nem sempre escapei de cruel dissabor.
Gatinha manhosa, dengosa, sem par,
no meu coração não deixou se prender.
Mulher nota dez preferiu ser star,
de close em close eu fingi esquecer.
Fui pego em mentiras, sutis, juvenis,
mantendo assim minha fama de mal.
Por dentro fervendo uma força motriz,
buscava um amor que não fosse banal.
Além do horizonte haveria um lugar
com muitos amigos de fé e afã.
O sonho da gente, de amor e de paz,
plantava as sementes pr’um novo amanhã.
E eu que seria mais um na multidão,
constato agora com alma assustada
que bem lá no fundo do meu coração
sou ainda criança, não entendo nada...