Márcia Etelli Coelho - (Poema inspirado nas músicas de Chico Buarque de Holanda nascido em 19 de junho de 1944)
O que será que me dá
que a vida não roda no meu coração?
Que me deixa triste e me faz suspirar,
lembrança que chega do nada, em vão.
Virando a página do meu folhetim,
sou vento e semeio cruel tempestade.
Tão doce ilusão arrancada de mim.
A leve impressão de que é saudade.
À toa na vida, sem mel, sem afeto,
espero um trem que demora a vir.
Em frente à janela, em sonho disperso,
a banda passou e só eu que não vi.
Com olhos de adeus vou levando esse drama.
No cotidiano, tudo é sempre igual.
Calando o desejo, abafando a chama...
Será que pra mim basta um dia banal?
Eis que um bom conselho me veio de graça:
construa o futuro, apesar do sofrer.
Liberte o perdão, a paixão e a mordaça,
que a dor vai passar e sorrir por te ver.
Então eu acordo, conheço essa estrada,
se eu soube ir embora, haverei de voltar.
Talvez outro enredo, uma nova morada.
Mas eu não me afobo... Nada é pra já.
Chegou Carnaval e eu rebolo por dentro,
pois, sem fantasia, eu pressinto mordaz
que ainda terei todo o meu sentimento,
mas o calor dos seus beijos... Esses? Nunca mais!
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos douradosAinda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais