Reinaldo Bressani
Há uma discussão infinda quanto ao aproveitamento das áreas ditas degradadas, localizadas nos grandes centros urbanos.
Verdadeiro abacaxi para os gestores públicos, pois que, na verdade, degradação de todo grande centro é mal que se alastra como um cancro, com origem nas condições sociais a que estão sujeitas as populações locais que acreditam serem vítimas, exatamente, de sucessivas políticas públicas malconduzidas - desastrosas quanto aos procedimentos adotados -, e que, apenas agravariam os problemas sócio-econômico-educativos dessa parcela da sociedade.
Parte da sociedade reclama da não utilização desses espaços que, subaproveitados, contribuem sobremaneira para o enfeiamento das cidades, além de se constituírem em verdadeiros guetos vocacionados à facilitação de toda sorte de marginalidade, afastando, em consequência, as famílias, comerciantes e serviços essenciais da área, redundando em degradação cada vez mais acentuada e prejuízos inaceitáveis para as cidades e suas populações.
De outro lado, uma outra fatia dessas mesmas populações põe em cheque os objetivos do poder público, o qual objetivaria, de forma demagógica, tão somente o favorecimento dos interesses da indústria imobiliária e da máquina arrecadatória dos municípios, em prejuízo, exatamente, das populações ocupantes dessas áreas em questão, que, por sua condição econômico-social, se veem cada vez mais marginalizadas e empurradas para regiões, quiçá, distantes e sem qualquer infraestrutura.
Consequentemente, enquanto alguns casos de premeditado e criminoso aviltamento de condutas por parte de gestores que carregam em si o próprio D.N.A., e ou, índole vocacionada aos desvios de moralidade, vendo em cargos diretivos, oportunidades de locupletarem-se do erário e do poder que lhes é cediço pelos resultados das urnas, outros, mesmo agindo com a lisura e retidão esperadas pelo exercício dos respectivos cargos, sofrem ante os conceitos generalizados pela opinião pública quando têm que tomar decisões e, por consquência, as rédeas da condução gerencial voltada às soluções que julgarem mais apropriadas.
Não por acaso, pois, em face das mazelas que permeiam o meio político tupiniquim, por mais justos e equilibrados que sejam seus atos, dificilmente terão justa aprovação quanto aos resultados efetivamente alcançados.
Além do mais, mexer com um desses problemas, sem dar imediata e igual solução ao outro, é mexer em cacho de marimbondos. É acirrar os ânimos das pessoas que se julgam afetadas diretamente.
E, em razão de que todo gestor público é sempre um político que depende dos votos exatamente dessas parcelas da população, lá está ele, entre a cruz e a espada, com o nó no pescoço. E que nó!
Todavia, se analisarmos o problema sob uma ótica mais realista e, considerando-se entendimento jurídico pertinente e isento, neste país onde as eleições são ditas democráticas e, das quais, por consequência de seu regramento, todo poder emana do povo, algo está errado.
Sim! errado pela própria atitude de grande parcela do povo que se omite de sua responsabilidade pátria. De sua responsabilidade cidadã.
Daí, o que temos é que, como diz o ditado, “quem planta chuva, colhe tempestade”.
Há muito, vêm-se fazendo escolhas erradas, plantando sementes de ervas daninhas no jardim onde deveria, tão só, florescer as cores da esperança e dos sonhos. Portanto, já é tempo de selecionarmos melhor as sementes a serem plantadas no solo dos jardins onde vivemos, a fim de que a beleza de cada um deles possa, realmente, resplandecer aos corações, à vida, e aos olhos dos munícipes.